Início Atualidade IAPME: O Compromisso com o Tecido Empresarial

IAPME: O Compromisso com o Tecido Empresarial

0
IAPME: O Compromisso com o Tecido Empresarial

O IAPMEI tem como missão promover a competitividade e o crescimento empresarial, visando o reforço da inovação, do empreendedorismo e do investimento. Enquanto entidade interveniente no Plano de Recuperação e Resiliência, qual é o compromisso e o papel que assumem perante o programa?
O IAPMEI tem um compromisso com o tecido empresarial nacional que se afirma há décadas com um percurso de informação, assistência e gestão dos apoios financeiros aos projetos de investimento das empresas. A rede de parcerias do IAPMEI assume, aqui, um papel importante. É ampla e transversal, o que permite trabalharmos junto das empresas em várias áreas, seja através da Academia de PME na qualificação dos trabalhadores, ou do aconselhamento nos Centros de Apoio Empresarial de cada uma das regiões, em articulação com a Rede de Espaço Empresas, ou o apoio na procura das soluções de financiamento mais adequadas a cada necessidade. Esse compromisso mantém-se e é reforçado pela nossa constante leitura da realidade empresarial do país e da constante adaptabilidade e flexibilidade que procuramos manter por forma a acompanhar as empresas nos desafios constantes que têm que superar.

Sabemos que foi aberto, pelo IAPMEI, um concurso para a criação de TestBeds que ajudem a acelerar a transição digital nas empresas portuguesas. Para melhor compreendermos, qual o objetivo desta medida? De que forma a mesma poderá beneficiar as PMEs?
Trata-se de promover a criação de uma rede de infraestruturas colaborativas, com o objetivo de disponibilizar às empresas condições que permitam o desenvolvimento de testes e experimentação de novos produtos e serviços, quer seja um espaço físico ou por via de simulação virtual. As TestBeds assentam, por isso, numa lógica de colaboração entre as empresas responsáveis pela sua operação e as empresas às quais prestam serviços. O Aviso N.º 03/C16-i02/2022 agora publicado, dirige-se a empresas e consórcios que estejam disponíveis para investir na criação destas infraestruturas e destas capacidades tecnológicas. E é, precisamente, para as pequenas e médias empresas (PME) e startups que estas plataformas – ou TestBeds – podem ser muito importantes, especialmente na fase final do seu processo de inovação, ao possibilitarem o acesso a serviços de desenvolvimento, de experimentação e teste, acelerando a produtização, industrialização e comercialização de ideias inovadoras. Refira-se que as TestBeds são parte integrante do ecossistema de aceleração da transformação digital de Portugal, a par dos Polos de Inovação Digital (DIH) e das Zonas Livres Tecnológicas (ZLT).

Assim, que oportunidades existem este ano para as empresas no que diz respeito à Resiliência, Transição Climática e Transição Digital?
Na dimensão Resiliência, decorre dentro dos objetivos e metas definidos, a Componente 5 – Capitalização e Inovação Empresarial, que visa aumentar a competitividade e a resiliência da economia com base em I&DT, inovação, diversificação e especialização da estrutura produtiva. Desta Componente fazem parte as medidas RE-C05-i01.01 | Agendas/Alianças Mobilizadoras para a Reindustrialização e RE-C05-i01.02 | Agendas/Alianças Verdes para a Inovação Empresarial, com concursos lançados. Saliento que, para além das já mencionadas, estão neste momento em curso várias iniciativas da Componente 16, da Dimensão Transição Digital do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como sejam: Aceleradoras de Comércio Digital; Bairros Comerciais Digitais; Internacionalização via E-commerce. Da mesma forma, para a Componente 11 – Descarbonização da Indústria foram lançados dois avisos de concurso, o Aviso N.º 01/C11-i01/2021 – Apoio à elaboração de roteiros de descarbonização da indústria e capacitação das empresas (10 m€), que encerrou no dia 18 de abril, e o Aviso N.º 02/C11-i01/2022 Apoio à descarbonização da indústria transformadora e extrativa (705 m€), mais dirigido às empresas e que está aberto até 29 de julho. Este é um eixo da dimensão Transição Climática, que visa alavancar a descarbonização do setor industrial e empresarial e promover uma mudança de paradigma na utilização dos recursos, concretizando medidas do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) e contribuindo para acelerar a transição para uma economia neutra em carbono. Outras se seguirão e as empresas devem manter-se atentas por forma a enquadrar os seus projetos.

Qual tem vindo a ser a estratégia do IAPMEI para os Fundos Comunitários do PRR? De que forma a mesma é eficaz?
A execução dos apoios do PRR e do Portugal 2030, continuará a passar em grande parte pelas empresas. É nossa expetativa que as empresas continuarão a demonstrar uma boa capacidade para recorrerem a esses fundos. Procuramos na gestão das medidas PRR que nos estão cometidas aplicar toda uma experiência que adquirimos na gestão e coordenação de diferentes apoios, de diferentes quadros comunitários, introduzindo melhorias que resultam já de balanço e lições aprendidas e procurando apostar no diálogo constante com as empresas, por forma a criar um fluxo permanente de informação sobre necessidades que possa conduzir ao lançamento ou aperfeiçoamento de soluções/respostas a essas necessidades.

Num período pós-pandemia, é importante repor agora o crescimento económico sustentado do nosso país. Quais considera que são as áreas em que Portugal deve investir mais?
As áreas estratégicas de investimento que assegurem um crescimento sustentado da economia portuguesa já estavam lançadas antes mesmo da pandemia. A pandemia veio acentuar a necessidade da redefinição das estratégias empresariais e das políticas públicas que promovam essa mudança, tornando-as mais urgentes e exigindo que sejam mais assertivas. Estão em causa os investimentos que se orientem no quadro do novo Plano de Ação da União Europeia para a Economia Circular, no compromisso da neutralidade carbónica até 2050 – já assumido por Portugal, pela via da descarbonização e da transição energética, na digitalização e inteligência artificial e na “nova” Estratégia Industrial Europeia, sempre suportados em I&I&DT e no necessário desenvolvimento de competências. Aliás, o investimento na qualificação e requalificação dos trabalhadores e empresários é o maior, e mais urgente, desafio a vencer para fazer face a todas estas transformações e, ao mesmo tempo, garantir a qualidade de vida, a inclusão e a humanização da inteligência artificial.

A verdade é que no que diz respeito à descarbonização da indústria, existe ainda um longo caminho a percorrer. Quais têm sido os maiores obstáculos associados a este objetivo?
A descarbonização da indústria, como sabemos, não pode ser encarada como uma responsabilidade exclusiva do setor industrial, é necessário que a montante, nos recursos e matérias-primas, o mesmo movimento aconteça, tal como a jusante, onde se sentem as novas exigências dos consumidores, cada vez mais conscientes do impacto que as suas escolhas, no momento da compra de produto ou serviço, vão ter ao nível ambiental e social. As metas de descarbonização das empresas vão, de uma forma geral, obrigar à reorganização dos seus processos produtivos, mais sustentáveis e eficientes do ponto de vista energético, à aquisição de novas matérias-primas, à redução do desperdício e ao tratamento de resíduos, ao uso consciente de água e dos solos, ao desenvolvimento de novos produtos incorporando ao longo do seu ciclo de vida as melhores soluções ao nível da circularidade e, não por último, mas acima de tudo, a requalificação dos seus ativos, nas várias áreas da empresa, desde a produção ao mercado.

No reverso da moeda, sabemos que a pandemia que o país viveu durante dois anos, em muito alavancou a concretização de propósitos na área da digitalização. Em que medida? Para o Francisco Sá, quais foram as principais mudanças?
A necessidade aguça o engenho e os impactos da situação pandémica na atividade económica geraram uma rápida e muito eficaz adaptação das empresas à nova realidade, com recurso aos canais digitais, particularmente no setor do comércio, mas não só. Foi possível manter mercado e atividade, contribuindo para a estabilidade da oferta de bens e serviços, num momento particularmente complexo e gerando, por essa via também, estabilidade e segurança nos consumidores e no público em geral.

Sabemos que o PRR português é um plano ambicioso, com objetivos bem delineados. No entanto, algumas devem ser as preocupações na concretização dos mesmos. Enquanto organização que acompanha estas medidas, o que mais o apoquenta?
Tínhamos uma expectativa de que nos próximos anos seria possível dinamizar a economia, repor a capacidade produtiva e avançar de forma incremental, depois de um período pandémico recessivo. A concretização do PRR assenta no cumprimento de metas e objetivos bem definidos, que não podemos falhar. Enfrentamos, porém, um novo período de incertezas, que precipitou dificuldades diversas, por exemplo ao nível da energia e dos recursos disponíveis, e que tem potencial para condicionar fortemente as políticas públicas, podendo mesmo obrigar a um shifting, a uma gestão de prioridades distinta da inicialmente prevista. Temos que estar preparados.

É legitimo afirmar que a verba adicional do PRR irá reforçar o apoio aos consórcios de empresas? Em que medida?
De acordo com o anunciado pelo Sr. Primeiro Ministro, essa verba adicional é de 1.6 mil milhões de euros, e deverá ser dirigida para a “dimensão verde” das agendas mobilizadoras, duplicando o valor disponível neste momento. A concretizar-se, teremos esta verba adicional dedicada às agendas mobilizadoras e às agendas verdes para a inovação empresarial, sendo que muitos dos projetos passam por investimentos industriais na fileira da economia verde, que sairá, portanto, fortalecida e da qual esperamos impactos muito significativos, nomeadamente em resultado dos consórcios entre o sistema científico e tecnológico, as empresas e as autarquias.

Com os olhos postos no futuro – e sendo este um momento de imprevisibilidade – como perspetiva a melhoria da economia de Portugal até 2026?
Os desafios são grandes e estes tempos que vivemos vieram lembrar-nos que que nada do que temos, podemos assumir como adquirido. É preciso criar condições para reforçar a capacidade de resiliência e de uma rápida resposta aos desafios que, a cada momento, nos são colocados. Isto vale para o setor empresarial, tal como para as instituições públicas, como o IAPMEI, como para cada um de nós. Como vimos, as estratégias de investimento prioritário estão delineadas, suportadas pelos diversos instrumentos de apoio do PRR e, em breve do PT2030, se tivermos a capacidade de as concretizar, como acredito que as empresas, em especial as PME, a têm, teremos condições para um crescimento sustentado da nossa economia. Encaramos, por isso, com grande otimismo o caminho que temos pela frente, as prioridades são claras, os resultados só se obtêm com foco e com o esforço conjugado de múltiplos atores e valências, o que irá estimular fortemente a construção de novas parcerias ou alianças estratégicas.