Início Pontos de Vista no Feminino “ACREDITO QUE O MOVIMENTO EM ANGOLA SERÁ MUITO MAIS RÁPIDO E EFICAZ EM TERMOS DA LIDERANÇA FEMININA”

“ACREDITO QUE O MOVIMENTO EM ANGOLA SERÁ MUITO MAIS RÁPIDO E EFICAZ EM TERMOS DA LIDERANÇA FEMININA”

“ACREDITO QUE O MOVIMENTO EM ANGOLA SERÁ MUITO MAIS RÁPIDO E EFICAZ  EM TERMOS DA LIDERANÇA FEMININA”

A UNITEL é hoje um dos principais players angolanos e a maior operadora móvel no país, fazendo a diferença nos serviços apresentados e, principalmente, na forma como quer ser um parceiro de confiança para o consumidor. De que forma é que a marca tem vindo a perpetuar essa dinâmica e que mais-valias apresenta a mesma no sentido de ser hoje uma marca de enorme reconhecimento?

A Unitel é uma empresa que existe desde 2001 e que tem desenvolvido a sua atividade com valores assentes na inovação tecnológica, na qualidade dos serviços da rede que se estendem por todo o país até às zonas fronteiriças, garantindo que os desafios da rede rodoviária não são um impedimento para fazer chegar os nossos serviços de comunicação a todos os Angolanos.

Desenvolveu a sua marca com base da energia de uma marca jovem, dinâmica e que tem a cultura Angolana na base da sua identidade. A forte presença dos valores de cultura, família, música criou desde cedo uma identidade com que a sociedade Angolana se identificou. O ADN – A Unitel o próximo mais próximo, foi sempre o mote que garante que Angola se encontra “ligada” entre si.

A UNITEL, entre outras valias, apresenta ainda uma forte dinâmica no que concerne à promoção da igualdade do género, como por exemplo a iniciativa da 1ª edição do programa de bolsas de estudo da UNITEL, “Mulheres Para o Futuro”. Porquê esta aposta na criação de oportunidades e na dinamização do papel das mulheres na sociedade e nas empresas?

A Unitel tem uma estratégia de Responsabilidade Social assente na inclusão social e tecnológica em que a Saúde, Educação, Artes e Desporto são os seus pilares. Em paralelo, e não menos importante, o setor das telecomunicações é tipicamente um mundo dos homens. A criação do programa “Mulheres para o Futuro” desmistificou esta questão e procura abrir a porta para que as mulheres possam assumir o seu papel neste setor.

Os requisitos do programa são exigentes e procuram a excelência de resultados. Adicionalmente foi criado um grupo de mentores, colaboradores da Unitel, que pela sua experiência e vertente pedagógica (por exemplo formadores internos), se disponibilizaram para serem mentores. Para que fosse possível padronizar o acompanhamento das bolseiras, os mentores receberam formação específica de mentoring, através de um programa desenhado pela Academia Unitel, para que lhes fosse possível assumir esta missão com todo o profissionalismo e manter em simultâneo com as suas responsabilidades profissionais.

Algumas das mentees estão em zonas geográficas diferentes dos seus mentores. Criar rotinas de acompanhamento pedagógico e permitir que elas atingissem os níveis exigidos para que pudessem continuar a ser bolseiras. Para que fosse possível o acompanhamento do plano curricular foi necessário uma disciplina e um plano de atividades sério e responsável para ambas as partes. O primeiro ano foi um sucesso e será para continuar. Já estamos na fase final de seleção das 50 bolseiras para o ano curricular 2020_2021.

Na Unitel, 37% mulheres e na gestão representam 40%. Acreditamos no equilíbrio entre o género como forma de potenciar a excelência, criatividade, inovação e o futuro da Unitel.

Assume a função da direção de Recursos Humanos da marca, um papel nem sempre fácil de cumprir, até pela forma direta como lida com os colaboradores. Qual tem de ser o ponto de equilíbrio para que a sua função vai ao encontro das necessidades dos recursos humanos da marca?

Em janeiro completei oito anos de Unitel na função de Diretora de Recursos Humanos e tem sido uma experiência extraordinária. Representar a Marca é poder representar os Angolanos na sua essência, a forma de estar, a cultura e os valores. O ponto de equilíbrio é sempre a humanização das relações entre pessoas, independentemente da sua idade, religião, crenças e valores. Foi e é (pois continua a ser uma aprendizagem constante) equilibrar regras, procedimentos, estratégias e cultura organizacional com as dificuldades e desafios que é viver em Angola. Sempre procurei estudar e compreender o negócio para que as políticas e estratégias estejam alinhadas com o que a empresa se propõe. Não podemos conceber modelos virados para dentro do RH. Ou serve o negócio ou de nada serve. Por outro lado, reter, desenvolver talento, recrutar e alinhar os colaboradores e gestores nas ferramentas, modelos e políticas RH, tem como fator crítico de sucesso a sua natural compreensão. Em suma, gerir Capital Humano é garantir que o que desenvolvemos é compreendido por todos e tem como objetivo fundamental permitir que o negócio cumpra a sua estratégia. Temos de ser um aliado!

Adicionalmente, e como base de tudo o que faço, acredito na humanização das relações, sem hierarquia nem formalismos excessivos. É preciso criar limites e regras, mas sem muros relacionais. O melhor das Pessoas vem da sua paixão por todos os dias estarem no local de trabalho e sentirem que contribuem diretamente para o desenvolvimento da Unitel.

Que caraterísticas acredita serem necessárias e relevantes para que tenha a confiança dos colaboradores da marca?

Identidade e consistência. No caso da Unitel, a marca representa a identidade dos Angolanos e a consistência de o fazer bem ao longo de 18 anos. Angola tem uma população muito jovem, em que mais de 50% da população tem menos de 25 anos e 50% desta tem até 14 anos. Todos eles cresceram com a Marca, faz parte da sua vida a imagem, as músicas, as campanhas Unitel, não apenas no que representamos em termos de serviços que oferecemos, mas no facto de representarmos o que ambicionam ou sonham para o futuro. O que mais ouvi ao longo destes oito anos é “o meu maior sonho é poder parte desta grande família!” Um dos grandes sonhos dos jovens é conseguirem ter a oportunidade de trabalhar na maior e melhor empresa Angolana.

Quais têm sido os maiores desafios do mesmo e como é que a sua liderança tem sido importante para contornar os obstáculos diários? A sua equipa é essencial para ultrapassar e contornar as dificuldades diárias?

A minha equipa é absolutamente extraordinária. É um grupo de trabalho de que muito me orgulho pelo que tem feito e no que se tem transformado. O ensino em Angola tem muitas lacunas e quando terminam a faculdade apresentam muitas debilidades de conhecimento. Quem tinha tido experiências profissionais eram invariavelmente muito administrativas ou demasiado vazias de conteúdo. A minha liderança tem procurado promover as oportunidades de aprender fazendo em que cada um cresce na sua medida e forma. Ou seja, potenciando o que cada está disposto a fazer por si, permitindo-lhes que decida onde querem e até onde querem chegar. Cada sucesso é celebrado e cada retrocesso ou insucesso é trabalhado no sentido da superação das dificuldades e nunca do fracasso. O que mais os carateriza é a vontade de aprender e a felicidade quando atingem metas para as quais trabalharam arduamente. E essa é uma experiência emocional muito gratificante. Aprendi que nunca devemos desistir das Pessoas e menos que elas desistam de si próprias. Em 2012 eram 26 e hoje somos 54, poucos saíram, e muitas transformações aconteceram. Tenho o privilégio de liderar a melhor equipa de Recursos Humanos de Angola porque eles assim o decidiram ser.

É legítimo afirmar que uma das funções mais difíceis de uma empresa é a direção de recursos humanos, pois sabemos que cada pessoa é uma pessoa, o que obriga a uma gestão diferente em cada caso?

Sem dúvida! Cada indivíduo tem de ter o espaço para ser ouvido. Uma das grandes missões da Direção de Recursos Humanos é a capacidade de criar condições para poder trabalhar a escuta ativa de cada um dos que nos procura ou os que nós procuramos. Sim, precisamos de procurar as pessoas. Elas têm que sentir que nos importamos, que o propósito da nossa atividade é conseguir a pessoa certa no lugar certo. Não é uma utopia, é uma máxima em que acredito e desafio a minha equipa todos os dias.

A Unitel tem 3300 colaboradores. Tem de ser definido um plano sério e rigoroso e que anualmente pensamos de forma muito estruturado. Temos de procurar conhecer, estar disponível. Saber quando temos razão e quando não temos. A agilidade da organização também depende da agilidade dos seus colaboradores e a minha direção é um catalisador dessa mesma agilidade. Temos de saber dar o exemplo nessa matéria.

No seu dia a dia, de que forma procura colocar em prática essas mesmas caraterísticas em prol de uma dinâmica equilibrada e positiva no domínio do bem-estar das equipas/recursos humanos da marca?

A Unitel desde 2014 tem um programa de Cultura Organizacional que designamos SOMOS UNITEL. O desenho da nossa cultura está assente em promessas e comportamentos. Temos uma promessa com o Cliente, com a Sociedade com a uma Liderança diferenciadora, mas para tal cada um de nós tem de assumir comportamentos que nos caraterizam e pelos quais nos pautamos. A Direção de Recursos Humanos através, quer da Academia, quer da Gestão Estratégica RH (ambos departamentos sob a minha direção) desenvolve todo o tipo de atividades, ações, programas que tem sempre por base o mesmo mote, o SOMOS UNITEL.

Viver a cultura da empresa é uma das formas que nos orienta e guia no mesmo caminho e na mesma direção na persecução dos objetivos estratégicos. É uma forma de todos conhecerem os seus valores e se poderem identificar com os mesmos. Esta identidade interna é uma forma de gerar equilíbrio, pois o modelo por onde se devem guiar é semelhante entre todos.

Olhando o panorama global, como é que vê hoje em dia as Mulheres e a sua preponderância no universo das empresas e dos negócios em Angola? Sente que houve uma evolução neste capítulo? O que ainda falta?

Em Angola, tradicionalmente, as mulheres têm um papel preponderante no desenvolvimento da economia. São elas que são empreendedoras, cuidam dos filhos e da família (filhos, marido, pais, irmãos mais novos, entre outros). O conceito de família alargada confere à mulher a responsabilidade de sustentar toda a família. São elas quem geram “riqueza” ainda que num segmento económico mais baixo enquanto os homens assumem outro tipo de papéis.

Naturalmente, por tudo isto, e sendo Angola uma sociedade muito tradicional no papel que o homem e a mulher têm, são eles quem ainda ocupam os lugares de maior responsabilidade.

Mas as novas gerações estão a alterar este cenário, ainda que lentamente, mas de forma progressiva. Hoje temos mulheres em lugares de elevada responsabilidade e é-lhes reconhecida competência e como geradoras de equilíbrio, quer na política quer na economia. Existe um longo caminho pela frente, mas considerando a realidade europeia, acredito que o movimento em Angola será muito mais rápido e eficaz em termos da liderança feminina.

O que podemos continuar a esperar de si e da marca para o futuro?

Conforme já referi, acredito em Pessoas, são elas que geram negócios, desenvolvem empresas e as economias. Procuro todos os dias trabalhar em prol de uma Marca em que o desafio em 2012, era, independentemente das contingências e caraterísticas que nos rodeiam, ser uma Marca ao nível de outras da mesma dimensão (em termos de geração de volume de negócios). Hoje, em 2020, acredito que foi este desafio que me fez sair de Portugal e abraçar esta Marca contagiante e pessoas poderosas. Uma das caraterísticas avassaladoras de Angola é a resiliência e a capacidade de manter o sorriso nas maiores adversidades, e com estes dois ingredientes é possível manter a adrenalina do primeiro dia convicta de que podemos sempre fazer melhor.

O Dia Internacional da Mulher comemorou-se no passado dia 8 de março. Que mensagem gostaria de deixar sobre a importância desta data?

As mulheres têm uma energia poderosa e contagiante e as vantagens do empoderamento entre nós são infinitas. As novas gerações e as menos jovens, as recém-licenciadas e as repletas de conhecimento, as que são mães de primeira viagem ou que já têm netos são uma força da natureza. As diferenças entre homens e mulheres são fundamentais ao equilíbrio das organizações, mas também sei que quem melhor compreende as mulheres são as mulheres.

Como exemplo do que refiro, no dia 2 de março, dia da Mulher Angolana, a Unitel inaugurou a sala de amamentação. É uma sala destinada a recolha e conservação do leite materno. De mulheres para mulheres, e que agora têm um ambiente que as protege na sua condição de mães, permitindo-lhes cumprir a sua missão de forma condigna. Homens e mulheres contribuíram para que esta sala fosse uma realidade porque acreditam que ser mãe é uma dádiva.