No sentido de contextualizar o nosso leitor, qual é o grande conceito da marca?
O conceito da Trotinete não está associado ao fardamento, mas sim à moda. Quem utiliza a farda, não se pode sentir mal com aquilo que veste. A marca cria todo o tipo de produto que as pessoas utilizam diariamente, e isso, deu-nos, ao longo deste tempo, muita elasticidade e muito conhecimento, quer a nível de matérias-primas, a nível de fiting, de todo o conhecimento do produto e de diferentes produtos.
Ambas as marcas, Trot e Trotinete, são pensadas para que quem as usa, não sinta que está a vestir um uniforme. Para criança, é uma linha muito casual, na qual estamos orientados para um produto que os miúdos gostam de vestir diariamente, que não sintam que estão a vestir um uniforme, sintam mais que estão a vestir “a camisola da escola”. Na marca de adultos, o conceito é o mesmo. Conforto, fiting e, todos os detalhes, são as medidas necessárias para que as pessoas realmente apostem na Trot e na Trotinete.
Acima de tudo, a nossa missão e conceito, é transformar os desafios colocados pelos nossos clientes em uniformes de alta qualidade, onde as últimas tendências de moda e design são aliadas à qualidade, inovação e conforto dos nossos produtos.
Somos uma empresa dinâmica e cujo desígnio é fazer sempre mais e melhor. Conseguimos reinventar-nos com base em novos e mais valorizados drives, como o design, a inovação tecnológica e o serviço, tornando-nos cada vez mais internacionais e competitivos, especialmente nos segmentos mais exigentes do mercado. Além disso, sentir que os clientes confiam no nosso trabalho é muito importante. O sucesso de uma empresa vai muito para além da gestão financeira. Uma empresa de sucesso não é só aquela que se sabe reinventar e inovar, mas também a que se mantém resiliente e perseverante perante os mais variados desafios. É preciso sermos apaixonados pelo que fazemos e, nós, na Trotinete & Trot, somos!
Ao longo destes anos, quais foram as principais mudanças que a marca foi fazendo no sentido de aperfeiçoar e chegar a mais clientes?
Desde 1992, até aos dias de hoje, muitas coisas mudaram. A Trotinete começou por ser uma empresa têxtil que desenhava, produzia e comercializava coleções de roupa infantil. Prova disso, foi o facto de nos ser proposto por um colégio, após dois anos de atividade no mercado, que desenhássemos uniformes escolares. Foi algo inédito, pois no início da década de 90 eram muito poucos os colégios que tinham uniformes. Não era algo instituído, como hoje o é, pelo que o desafio me pareceu muito interessante. Além disso, garantia à empresa uma estabilidade financeira que foi absolutamente necessária para a sua sobrevivência. A parceria foi um sucesso, e atualmente, esse colégio ainda recorre à Trotinete sempre que é necessário renovar o seu stock de uniformes escolares. Prova de que a relação de parceria estabelecida com os nossos clientes é um dos vetores da empresa.
Entretanto, ao longo destes anos, a empresa enveredou pelo caminho dos fardamentos, tanto para crianças, mas também, para adultos. Desde colégios, uniformes corporativos para adultos em diferentes áreas de atuação profissional, contemplando os setores da saúde, restauração, segurança militar & polícia, hotelaria, e até aviação, são alguns dos principais clientes da empresa. O objetivo é crescer de forma sustentada. Uma forma tão sustentada, que significa que ainda cá estamos ao fim de 28 anos.
Fundou a Trotinete e também a Trot. Porquê esta aposta e quais as diferenças de atuação em ambas as marcas?
Sim, atualmente, não existe só a Trotinete, mas também a Trot, uma marca para adultos, criada em 2007. Tive a necessidade de trabalhar também a área de adulto, porque o trabalho da marca Trotinete na área de fardamento é muito sazonal. Temos um pico muito grande de trabalho, que começa em maio e termina em setembro/outubro. A marca Trot veio colmatar isso.
Ambas com o mesmo conceito, apenas com identidades corporativas de clientes diferentes. Nas duas marcas, a nossa fórmula de trabalho assenta sobretudo no foco no cliente, conquistando assim a sua confiança, preferência e fidelização. Crescemos de forma sustentada consolidando as relações estratégicas com os nossos parceiros, sendo a inovação, a personalização e a customização dos nossos produtos uma marca diferenciadora e sem dúvida, um fator crítico do nosso sucesso até hoje.
Qual a relevância que a inovação aporta na vossa orgânica e como é que essa aposta vos tem permitido marcar a diferença perante o mercado?
Sempre fui uma defensora da diferenciação, em que as empresas têm de gerar o seu próprio valor, a sua marca própria, criar independência do trabalho a feitio. É aí, que se cria valor e se faz a diferença.
Prova disso, é que muitas das vezes somos nós que criamos a imagem das outras empresas. Trabalhamos muito a imagem corporativa de cada cliente. Colocamos um pouco de nós, na imagem daqueles que confiam no nosso trabalho.
Dentro de portas, a Trotinete, conta com mais de 30 trabalhadores e aposta fortemente no design. Fazemos a parte toda de modelação, prototipagem, desenvolvimento de amostras, corte etc. Somos nós que compramos e controlamos as matérias-primas e adquirimos todos os acessórios.
Se pensarmos bem, os uniformes, são as peças que mais vestimos, as que usamos a semana toda. É por isso essencial que com elas nos sintamos bem, tanto pelo conforto como pelo próprio look.
Se para as crianças essa é a característica principal destas peças, no que respeita aos adultos, o cuidado é acrescido pelo Feet, ou seja, os modelos têm de ter um excelente corte, para que assentem bem. O colaborador tem de se sentir confortável na sua pele, isso torna-o mais produtivo e eficiente, assim como trabalhar se torna mais agradável. Um uniforme tem de ter essa capacidade de ser intemporal, de se ajustar perfeitamente a quem o veste, como uma segunda pele.
Para desenhar uniformes para hotelaria, por exemplo, temos de ter em conta vários fatores: primeiro precisamos de conhecer o conceito da empresa. Depois é necessário compreender quais as funções da pessoa a quem aquele uniforme se destina, e posteriormente ajustá-lo às tendências da época e ao custo de produção. Só depois é que nos podemos dar ao luxo de pensar o design propriamente dito. Ainda assim, faço questão de que as peças estejam o mais atualizadas possível, pois os colaboradores de uma empresa são a marca da casa.
Toda esta preocupação, personalização, resiliência e determinação são características chave para marcar a diferença.
Qual tem sido o nível de expansão da marca, ou seja, estão presentes no mercado nacional e internacional? Ao nível externo, em que países estão atualmente presentes?
Sim, estamos presentes em ambos os mercados. As exportações têm vindo a representar uma grande percentagem da produção da marca. Os principais mercados da empresa são Portugal, Espanha e Inglaterra e a aposta permanecerá na Europa, pela proximidade. São mercados maduros, que privilegiam a confeção em Portugal.
E por isso, queremos apostar no made in Portugal. É uma das nossas premissas, uma vez que, o nosso produto é todo fabricado em Portugal.
Vivemos atualmente um novo paradigma, provocado pela pandemia mundial, associada ao Covid-19. De que forma é que a marca teve de se adaptar neste sentido? Que medidas teve de tomar para continuar presente no mercado?
A empresa teve de mudar a estratégia e reajustar-se face às atuais condições do mercado. Os negócios tradicionalmente “core” da empresa sofreram um forte abrandamento como é o caso dos colégios e da hotelaria.
O nosso negócio tradicional assenta no desenvolvimento de produtos 100% customizados, focados nas necessidades de cada cliente, com forte associação ao conceito de tailor made e com grande versatilidade na combinação número de modelos vs quantidades.
Com o eclodir da crise COVID-19, aproveitamos a oferta que já dispúnhamos de uniformes dirigidos ao setor da saúde e desenvolvemos um catálogo complementando essa oferta com EPI’s, produtos mais indiferenciados e de produções mais volumosas.
A empresa teve de se adaptar, aproveitando as competências existentes em modelação e produção de amostras para testar novos produtos e novas matérias primas. De seguida garantir a conformidade dos seus produtos, obtendo as certificações necessárias junto do CITEVE e garantir a disponibilidade das matérias primas a preços estáveis, o que tem sido um verdadeiro desafio num cenário de forte escassez.
Passaram a produzir e a comercializar batas de proteção para o Covid-19 para hospitais, tendo realizado, por exemplo, um contrato com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E. Como está a ser realizado este processo?
Como já tínhamos uma oferta significativa de uniformes neste setor, começamos a ser contactados por alguns hospitais a perguntar se dispunhamos de oferta de EPI’s porque a necessidade do sector era extrema. Sentimos que tínhamos de dar o nosso melhor para contribuir para a resolução da crise e daí a iniciarmos o desenvolvimento de amostras foi muito rápido. Desenvolvemos 8 artigos EPI em diferentes tecidos, descartáveis e reutilizáveis, e depois fomos contactando outros hospitais a disponibilizar essa oferta. Neste momento já celebramos vários contratos de fornecimento com diferentes Centros Hospitalares em todo o Pais, bem como o IPO´s do Porto e Lisboa.
Existem outras perspetivas de negócio atualmente? Se sim, quais?
Manter as áreas de negócio “core” e pensar de que forma os uniformes terão de se adaptar, num colégio ou num hotel, para responder a esta nova realidade, incorporando inovação e desenvolvimento.
Por outro lado, continuar a apoiar o setor da saúde, diversificando e credibilizando cada vez mais a nossa oferta. Para isso criamos uma nova marca a Trot Medical+.
Continuar a investir na exportação como importante avenida de desenvolvimento.
O que podemos continuar a esperar da marca para 2020?
Dinâmica, versatilidade, qualidade, sustentabilidade.
Quais são os principais desafios?
Nesta época de incertezas e de grandes dificuldades para nós, o principal desafio é saber ultrapassar esta crise mantendo os mesmos posto de trabalho, assegurar aos nossos colaboradores, fornecedores e clientes que vamos continuar a cumprir com os nossos compromissos.