Rita Ventura é Head of People and Culture na ASM INDUSTRIES. O que a define enquanto mulher e profissional?
Sou uma pessoa muito organizada e prática. Ambas as características se refletem quer como mulher, quer como profissional. Também sou bem disposta, conciliadora e disponível. E sou inconformada, procurando sempre ser e fazer melhor.
O seu percurso profissional está muito ligado aos Recursos Humanos, tendo passado por outras grandes empresas nacionais, estou correta penso. Enquanto profissional o que a fascina mais nesta área e no seu envolvimento em torno do crescimento da empresa?
Trabalho em Recursos Humanos desde 2006 e sou muito grata por todas as etapas do longo do meu percurso profissional e por ter tido oportunidade de trabalhar com várias pessoas, incluindo várias mulheres profissionais de Recursos Humanos e de outras áreas da indústria. Foram essas oportunidades e pessoas que me ajudaram a ser o que sou hoje, como pessoa e como profissional.
Acredito que a área de gestão de pessoas tem que ser um parceiro de todo o negócio, tem que o compreender totalmente para poder encaixar-se e apresentar soluções. Aquilo que mais gosto na área de Recursos Humanos é exatamente isto, desenvolver soluções: para a empresa, para o negócio, para as pessoas. Acredito que as pessoas fazem as empresas e que o papel dos profissionais de Recursos Humanos é encontrar as melhores pessoas para cada empresa, as que mais se identificam, as que melhor se enquadram na filosofia do negócio, até mais do que as que são melhores tecnicamente. Muitas vezes, as melhores pessoas para a nossa empresa não são as que têm mais qualificações académicas ou profissionais, mas sim as que melhor compreendem as necessidades do negócio e que querem e sabem como crescer com ele. É esta demanda por encontrar e o desafio de motivar e desenvolver estas relações que mais me cativa.
Quais são os seus maiores desafios a nível pessoal e profissional?
Profissionalmente, o meu percurso sempre se pautou por desafios constantes. Sempre que sentia que o desafio esmorecia e que precisava de novos estímulos e pôr diferentes ideias em prática, procurei outras oportunidades. Neste momento, estou num projeto altamente desafiante, numa indústria inovadora, com desafiantes responsabilidades e oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Temos muitas metas para alcançar na área de Recursos Humanos, que é um dos pilares estratégicos da empresa e isso é muito gratificante e entusiasmante. Definimos uma estratégia a longo prazo para a área de Pessoas e Cultura e estamos a trabalhar nela e a concretizá-la. Pessoalmente, acho que o maior desafio que tenho – como a grande maioria dos profissionais – é manter a harmonia entre as esferas pessoal (individual e familiar) e profissional. E gostava de sublinhar a harmonia, em detrimento do equilíbrio. Há uns dias, em conjunto com uma colega, concluímos que as palavras, na sua força, condicionam os nossos comportamentos e quando substituímos o equilíbrio, termo que aparentemente implica esforço e tensão, por harmonia, percebemos que conciliar todos os domínios em que nos movimentamos pode ser feito com mais tranquilidade e serenidade. Ainda assim, é um caminho que faz todos os dias, ainda mais agora, nesta fase excecional que vivemos e em que, de repente, trabalho, família e pessoa se concentram no mesmo espaço e com novas formas de viver.
Que competências tem vindo a acrescentar à sua “bagagem” com estes anos de experiência?
Como disse, ao longo do meu percurso tive experiências diferentes, cruzei-me com profissionais e pessoas excelentes e aprendi muito. Felizmente, a aprendizagem é contínua e sei que daqui a dez anos, se responder a esta questão, possivelmente fá-lo-ei de forma diferente.
A atualização e desenvolvimento das qualificações técnicas é quase inevitável para podermos realizar o nosso trabalho diário, com competência e correção. Mas esta é a parte fácil.
O caminho que me trouxe até aqui ensinou-se o real significado da empatia e da assertividade. Na área de Recursos Humanos, já me defrontei com o melhor e o pior de cada pessoa, de cada história de vida, de cada momento. Aprendi que temos que lidar com todas estas emoções, mas que também temos que tomar decisões que vão além da vida de cada um e temos que o fazer para o bem de todos. Encontrar o ponto de equilíbrio entre todas estas questões e tomar decisões equilibradas, talvez tenha sido a competências mais importante que tenho vindo a aprender.
Ser mulher e Head of People and Cultura da ASM INDUSTRIES representa…
Trabalhar todos os dias para fazer o melhor para as nossas pessoas, é partilhar as suas alegrias e não esmorecer perante as dificuldades. É também ser um exemplo para os meus filhos, procurando sempre transmitir-lhes que todos os dias saio de casa com o objetivo de fazer o meu melhor e que é com essa vontade e com esse espírito que contribuo para a minha empresa. Representa ainda ter alcançado um objetivo pessoal e profissional, que era chegar à gestão de um departamento de Recursos Humanos de maior dimensão e numa empresa em que esta área é bastante valorizada.
Onde quer chegar? Como quer chegar? Ao que ainda lhe falta chegar?
Conforme tive oportunidade de dizer anteriormente, sou uma pessoa inconformada e encaro isso como uma característica positiva. Procuro sempre ser melhor pessoa, melhor profissional, melhor mãe. Às vezes sou muito exigente comigo mesma e lembro-me que quando era pequena me diziam que o “ótimo é inimigo do bom”. Na altura não compreendi o alcance daquelas palavras, hoje são elas que me fazem parar de procurar a perfeição, quando essa procura já não é construtiva. Leio muito, reflito muito, experimento muitas coisas. O meu objetivo é e sempre foi caminhar para a excelência. Sei hoje que a excelência é uma utopia e por isso divirto-me no caminho que vou fazendo para lá chegar.
Neste momento, estou muito focada e muito contente com o desafio que tenho em mãos na ASMI. Fiz um percurso do qual me orgulho e que conduziu a esta nova etapa e atualmente estou muito realizada.
Não sei se me falta chegar a algum lado, mas penso que um dia gostaria de partilhar os meus saberes e as minhas aprendizagens com os outros, embora ainda não tenha pensado muito bem como.