Início Atualidade “PORTUGAL E O LUXEMBURGO PARTILHAM A VISÃO FASCINANTE DE SE TORNAREM NO LOCAL PERFEITO PARA INICIAR OU DESENVOLVER NOVOS NEGÓCIOS”

“PORTUGAL E O LUXEMBURGO PARTILHAM A VISÃO FASCINANTE DE SE TORNAREM NO LOCAL PERFEITO PARA INICIAR OU DESENVOLVER NOVOS NEGÓCIOS”

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“PORTUGAL E O LUXEMBURGO PARTILHAM A VISÃO FASCINANTE DE SE TORNAREM NO LOCAL PERFEITO PARA INICIAR OU DESENVOLVER NOVOS NEGÓCIOS”

A Universidade do Luxemburgo destaca-se pela sua projeção internacional e pelo seu enfoque na investigação, e o seu Centro Interdisciplinar de Segurança, Fiabilidade e Confiança (SnT) é uma grande parte disso. Que papel desempenha o SnT?
O SnT é um dos três centros de investigação da Universidade do Luxemburgo, e o nosso foco particular é a inovação tecnológica de ponta. Acreditamos que a melhor investigação tecnológica provém da resolução de desafios que existem no mundo real, pelo que nos relacionamos com parceiros do sector privado e público. Os nossos investigadores vêm de todo o mundo para trabalhar em desafios científicos com estes parceiros. O nosso trabalho em conjunto garante aos nossos parceiros uma vantagem competitiva, enquanto nos ajuda a impulsionar a inovação tecnológica numa direção que faz sentido para o mercado. Desde o nosso lançamento em 2009, temos estabelecido parcerias com mais de 45 organizações. Somos também reconhecidos pela nossa excelência científica, tendo a Universidade do Luxemburgo ocupado o 90º lugar no ranking mundial de Ciências da Informação e Tecnologia pelo Times World University Rankings. Em 11 anos, o SnT recebeu quatro prestigiosas bolsas ERC e 80 projetos UE/ESA. Concentramo-nos em seis campos diferentes de inovação tecnológica: Fintech, Sistemas Espaciais, Veículos Autónomos, Conformidade e Gestão Segura de Dados, Cibersegurança, e Internet das Coisas (IoT).

Porque é que as empresas fazem parcerias com o SnT?
A disrupção tecnológica é atualmente comum, e as empresas reconhecem a vantagem competitiva que a inovação lhes pode proporcionar na incerteza económica de hoje. Ao estabelecerem parcerias com o SnT, as empresas podem ter acesso a trabalho científico de ponta, bem como ao nosso banco de talentos. Trabalhar em conjunto abre-lhes as portas a conhecimentos científicos novos e emergentes, e à propriedade intelectual, enquanto nos proporciona conteúdo para a nossa investigação e um feedback contínuo da indústria. No entanto, os benefícios vão para além da investigação e acesso a talento. Durante o tempo que trabalhamos em conjunto, os nossos parceiros podem aceder às nossas instalações de investigação, e impulsionar iniciativas de investigação em projetos comerciais, financiados pela UE ou por organismos nacionais.
Na minha experiência, as relações mais produtivas entre as nossas equipas de investigação e a indústria resultam de colaborações a longo prazo, em vez de projetos curtos e pontuais. Embora a cultura e a missão de um centro público de investigação como o SnT e de uma empresa possam variar consideravelmente, estas parcerias de investigação a longo prazo criam um ciclo positivo de colaboração, em que as duas partes partilham recursos, a que de outra forma não teriam acesso. Valorizamo-nos enquanto os nossos investigadores se expõem a questões do mundo real e a projetos comerciais, e a empresa ganha conhecimento que pode mudar a sua estratégia empresarial, talento para alimentar o seu sucesso, e inovação que lhe permite traçar um novo caminho no seu sector.

Como é que as parcerias com certas empresas internacionais, nomeadamente empresas portuguesas, se enquadram na sua agenda de investigação?
O nosso enfoque nas parcerias industriais distingue-nos de outras instituições de investigação Europeias, pelo impacto do nosso trabalho no mundo real. Empresas de todo o mundo recorrem à nossa excelência científica para resolver desafios industriais com soluções viáveis, exclusivas e escaláveis.
No Luxemburgo, concentramo-nos em áreas que são relevantes para a economia local, tais como fintech e espaço, e desempenhamos um papel crucial no ecossistema de R&D ao potenciar sinergias entre investimentos públicos e privados.
No campo internacional, o nosso trabalho destaca-se pelo compromisso na excelência académica. Os parceiros industriais procuram-nos para aceder a equipamento ou dados especializados, encontrar talento, desenvolver novas tecnologias, ou beneficiar de novas fontes de financiamento de R&D. Por sua vez, estas parcerias internacionais ajudam-nos a diversificar a nossa investigação, e a criar ligações entre o Luxemburgo e o mundo.
Para nós, Portugal é um destino atrativo para R&D, devido ao enfoque que o país tem no crescimento empresarial. Houve melhorias notáveis nos últimos anos para criar um ambiente que potencie este crescimento. É um centro atrativo para o investimento estrangeiro, talento e inovação disruptiva em domínios-chave como a digitalização, economia circular ou eficiência energética. Como Portugal e o Luxemburgo já têm laços significativos entre si, vemos um manancial de oportunidades de colaboração com instituições e empresas locais.

Como é iniciada uma parceria com o SnT?
Vemos as nossas parcerias como colaborações, investindo nelas tanto quanto os nossos próprios parceiros. Por conseguinte, é fundamental trabalhar em conjunto de forma a identificar um primeiro projeto que cumpra todos os objetivos. Estes projetos abordam um desafio específico da indústria e visam resultados que terão um valor científico significativo. Uma vez identificada essa área de interesse mútuo, passamos por um processo de elaboração da parceria, que abrange detalhes como confidencialidade, propriedade intelectual, orçamento e financiamento externo.
Então o trabalho começa, e o nosso modelo de parceria é definido por dois elementos que nos ajudam a manter o rumo. Primeiro é um comité diretivo que acompanha e avalia o projeto, assegurando que as atividades se mantêm em linha com os objetivos. Em segundo lugar são os nossos peritos em gestão de propriedade intelectual que identificam e protegem os resultados da investigação com potencial valor comercial.

Qual foi a estratégia determinante do SnT para criar um centro líder de investigação?
Em todas as nossas atividades, concentramo-nos sempre no talento. Damos prioridade ao nosso pessoal para que, quando as nossas equipas colaboram, o façam ao mais alto nível. Isto começa recrutando os melhores alunos de mestrado de todo o mundo para entrar no nosso programa de doutoramento, e atraindo cientistas de topo ao nível ou acima de Postdoc. Fazemo-lo proporcionando um ambiente de investigação ideal. As nossas iniciativas de investigação são lideradas por cientistas conceituados, e apoiadas pela FNR, a agência nacional de financiamento do Luxemburgo.
Atualmente, o SnT emprega mais de 300 cientistas, de 62 nacionalidades diferentes, incluindo Portugal. O nosso maior desafio é garantir que dispomos das competências certas para cumprir os nossos objetivos atuais e futuros. Contamos, porém, com o privilégio do Luxemburgo ser multicultural e atrativo para profissionais altamente qualificados.
Os portugueses, em particular, podem sentir-se bastante à vontade no Luxemburgo, uma vez que 20% da população é portuguesa, e uma em cada cinco pessoas na rua fala português. É claro que Portugal também tem uma longa história de Universidades muito conceituadas, e não é uma surpresa ver tanto talento tecnológico fluir para o Luxemburgo, bem como para outros países da Europa.

Quem é o investigador português mais notável no SnT?
É um privilégio termos o Professor Paulo Veríssimo a liderar as nossas atividades em computação resiliente, cibersegurança e fiabilidade durante os últimos seis anos. O Paulo é um cientista extremamente respeitado na sua área e tem gerido no SnT um dos nossos primeiros grupos de investigação, tendo recebido uma bolsa PEARL do FNR. Trata-se de uma prestigiada bolsa luxemburguesa, para investigadores reconhecidos internacionalmente, realizarem atividades científicas importantes para o país.
O Paulo está agora a terminar o seu tempo connosco para se tornar o diretor fundador de um novo centro de investigação sobre computação resiliente e cibersegurança numa Universidade de renome fora do espaço europeu.
Ele foi fundamental para colocar o SnT no mapa da investigação europeia e internacional, e temos agora atividades de investigação competitivas em resiliência graças à sua contribuição.

Portugal e o Luxemburgo estão cada vez mais concentrados na inovação tecnológica. Como vê a colaboração dos dois países em tais projetos?
Portugal e o Luxemburgo já beneficiam de excelentes relações bilaterais, e ambos partilham a visão fascinante de se tornarem no local perfeito para iniciar ou desenvolver novos negócios.
O Luxemburgo, tendo uma economia classificada como AAA e tecnologia de ponta, oferece um ambiente ideal para o desenvolvimento de qualquer negócio. O país investe com múltiplas subvenções públicas e privadas em atividades de R&D e inovação tecnológica. É atualmente uma das principais economias mundiais, e profissionais de mais de 170 países diferentes fazem dele um local perfeito para a realização de negócios.
Portugal está também muito bem cotado no que diz respeito a inovações tecnológicas. O governo Português está empenhado no apoio a start-ups e à formação de novos talentos, removendo obstáculos ao investimento externo. Em muitos aspetos, as empresas portuguesas estão numa posição única para atrair investimento Luxemburguês, alimentando parcerias público-privadas, centradas na inovação, tecnologia e R&D.

Como é que a equipa do SnT está envolvida no combate à pandemia do coronavírus?
A comunidade de investigação luxemburguesa reagiu rapidamente em março, a nível nacional, ao surto de COVID-19, e o SnT fez parte disso. Temos participado em múltiplos projetos interdisciplinares para combater a propagação da pandemia. Mais de sete projetos europeus dependem da vasta capacidade de processamento e de armazenamento do nosso supercomputador, de forma a acelerar a investigação, especialmente no processamento de dados.
Também apoiamos os decisores políticos na recuperação económica sustentável, desenvolvendo modelos estratégicos para a saída do confinamento, através de novas tecnologias de gestão de dados e aprendizagem automatizada.