Início Atualidade O 27º Congresso Nacional de Medicina Interna assinala o 70º Aniversário da SPMI!

O 27º Congresso Nacional de Medicina Interna assinala o 70º Aniversário da SPMI!

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O 27º Congresso Nacional de Medicina Interna assinala o 70º Aniversário da SPMI!

Por João Araújo Correia, Presidente da SMPI

O maior cuidado da gestão no setor privado, cedo reconheceu aos Internistas a sua eficiência na assistência aos doentes, reduzindo as complicações e o tempo de internamento nos doentes cirúrgicos. Em Portugal, a Medicina Interna deve ao setor privado, o enorme desenvolvimento da sua atividade, na área da Co-Gestão do doente cirúrgico. Mas, a qualidade dos Serviços de Medicina Interna dos Hospitais Privados, tem vindo a impor-se em todo o País, sendo curioso referir ter sido o Hospital da Luz, em 2009, o primeiro a obter idoneidade formativa, concedida pelo Colégio de Especialidade de MI da Ordem dos Médicos, para a formação de Internos de Formação Específica de MI.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), completa 70 anos de vida a 14 de dezembro de 2021. O 27º CNMI será a grande festa do início das comemorações deste aniversário, que enche de orgulho os Internistas Portugueses! A SPMI é a maior Sociedade Científica Médica Portuguesa, com cerca de 3200 associados, tendo constituídos 21 Núcleos de Estudo, cada um deles agregando Internistas que desenvolvem competências em grupos de patologias ou interesses específicos, que vão desde as Doenças Autoimunes, á Medicina de Urgência, á Diabetes, á Doença VIH, á Insuficiência Cardíaca, á Geriatria, á Medicina Obstétrica, á Doença Vascular Pulmonar, ao AVC, á Doença Respiratória, á Doença Hepática, á Hospitalização Domiciliária, aos Cuidados Paliativos, ao Risco Vascular, ou á Bioética.
A Medicina Interna, é a especialidade do doente inteiro. Não só nos órgãos e sistemas e das suas apaixonantes interações, mas também do fundamental componente psicossocial da pessoa. Sem nunca esquecer a família, ou o cuidador diligente, que às vezes está tão envolvido na sua dádiva ao doente, que quase parece estar em processo de adoção. A sólida formação generalista do Internista, com uma longa experiência acumulada no tratamento da doença crónica complexa, confere-lhe a capacidade de resolução dos problemas dos doentes, com recurso ao menor número possível de exames subsidiários, muitas vezes sem necessidade do apoio de quaisquer outros especialistas.
Mas, quando a resolução do problema do doente requer a consultadoria de outra especialidade, ou a realização de uma técnica especifica, sabe orientar o doente de uma maneira precisa. Não o obriga a um périplo desgastante por várias especialidades, com a realização de múltiplos exames, tantas vezes sem resultados úteis para o diagnóstico. O Internista, é o gestor confiável do doente no hospital. É por isso, que acreditamos num Sistema de Saúde racional e seguro, em que seja possível a todos os cidadãos terem um Internista de referência. A SPMI tem feito uma campanha sistemática junto da população para que se perceba o papel da Medicina Interna, como a base confiável do Sistema Nacional de Saúde (SNS), no Hospital. Agora, com a terrível pandemia COVID-19, em que a Medicina Interna foi de longe a Especialidade que mais doentes moderados a graves tratou, e dissiparam-se as dúvidas. Os Internistas são fundamentais para uma resposta estruturada e competente a um problema grave de Saúde Pública, não só porque são os especialistas hospitalares em maior número, mas também porque os doentes mais graves são idosos, com múltiplas doenças e polifarmácia, que só eles sabem tratar.
É notório que é necessária uma evolução do Sistema de Saúde, em que os hospitais respondam aos desafios dos dias de hoje, com a Medicina Interna na vanguarda dessa mudança. Podemos enumerar oito objetivos fundamentais:
1  O Hospital do Futuro responderá às necessidades da população e incorporará os novos valores de cidadania.
2  Envelhecimento e multimorbilidade – necessidade de equipas multidisciplinares.
3  Boa acessibilidade, com tempos de resposta adequados às necessidades dos doentes.
4  Cuidados de proximidade – internamento domiciliário e consultas abertas específicas.
5  Participação ativa do doente e dos cuidadores no tratamento.
6  Renovação tecnológica – teleconsulta e telemonitorização.
7  Envolvimento dos médicos hospitalares em campanhas de prevenção da doença e promoção da saúde.
8  Sustentabilidade económica e garantia de equidade no tratamento dos doentes.