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Falar sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português

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Falar sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português

De que forma, este instrumento financeiro será importante para a Transformação Digital do país e das empresas?
O famoso PRR insere-se num mais vasto plano de investimentos, previstos para esta década, na qual a Transição Digital (2.5mM€) é um dos pilares estratégicos. No caso do PRR, temos ainda dois outros pilares estruturantes: a Transição Energética (3.0mM€) e a Resiliência (11mM€), que somados, totalizam mais de 16mM€ a serem investidos até 2026. Espera-se que a aplicação do PRR tenha um efeito positivo sobre a nossa economia: no final de 2025, é expectável que o PIB nacional se situe 3,5% acima do nível que se teria verificado num cenário sem o PRR1 .
O PRR nacional foi criado tendo por base a atual estratégia de desenvolvimento sustentável da União Europeia, suportada na dupla transição digital e climática. Inclusivamente, a Comissão Europeia designou a década atual como a Década Digital, o que reflete a importância do digital na estratégia de desenvolvimento europeia. As metas estão traçadas e são ambiciosas. Entre elas, destaco o crescimento significativo de especialistas em TIC de 7.8 milhões em 2019 para 20 milhões em 2030; a digitalização integral dos principais serviços públicos e do cadastro médico; a generalização do 5G; ou a adesão significativa a serviços na nuvem, das empresas Europeias (pelo menos de 75%). Por tudo isto, a transformação será profunda. A estratégia europeia tem ainda uma importante componente externa. Até 2030, temos a ambição de consolidar a liderança e soberania europeia a nível global.

E qual é a importância para as PMEs?
99.9% das empresas nacionais são PMEs. Em 2018, estas empresas representavam 60% da riqueza (VAB) nacional e empregavam 78% dos trabalhadores no ativo. Importante também reter que, em mais de metade dos municípios, o tecido económico é constituído exclusivamente por PMEs.
O PRR reconhece a relevância social e económica das PMEs. 12 das 20 Componentes do PRR têm Investimentos direcionados ou dedicados às PMEs, com taxas de cofinanciamento muito atrativas. A título exemplificativo, o PRR prevê requalificar 36.000 trabalhadores e apoiar mais de 530.000 PMEs através de consultoria e outros apoios de natureza financeira. De uma forma mais específica, a Componente 16 prevê alavancar a transição digital de 30.000 PMEs do comércio e serviços de proximidade, e apoiar mais 8.500 através de programas de internacionalização e outros. É, ainda, esperado um papel muito ativo das PMEs em redes de conhecimento e inovação, tal como, nas Agendas Mobilizadoras ou Agendas Verdes (Componente 5), ou na fileira do Mar (Componente 10).
O PRR é, portanto, uma oportunidade única das PMEs nacionais subirem na cadeia de valor, seja pela incorporação de novas competências, upgrade tecnológico ou digitalização dos modelos de negócio. É fundamental que este caminho seja percorrido, não obstante o desafio inerente.

Que desafios teremos pela frente para conseguirmos cumprir o plano definido até 2025?
Existem alguns desafios, e a diferentes níveis. Desde a execução, passando pela eficiência, até à transparência na utilização destes recursos.
Focando-nos nas empresas, no momento atual e, tal como anunciado pelo Primeiro Ministro, é cada vez mais urgente que estas se concentrem no PRR, que o estudem, e que preparem as candidaturas, porque vamos ter pouquíssimo tempo para o executar . Aliás, a escassez de tempo está bem patente nos primeiros Avisos do PRR, que saíram com prazos de submissão das candidaturas abaixo dos três meses.
O problema é que, além do pouco tempo disponível, um processo de transição, seja digital ou energético, carece de preparação e conhecimento para ser convenientemente realizado. Ou seja, carece de um plano estratégico de transição que identifique os desafios e as oportunidades, as iniciativas digitais e energéticas que devem de ser alinhadas com os objetivos estratégicos da organização.
O nível atual de digitalização das empresas portuguesas é ainda baixo, sobretudo nas PMEs. André de Aragão Azevedo, o Secretário de Estado para a Transição Digital, afirmou recentemente que “73% dos empresários portugueses não tem estratégia para o digital2” . Por outro lado, de acordo com a AEP3,  25% das PMEs indicam como principal dificuldade na sua digitalização, a falta de know-how específico, e apenas 12% a falta de capital. Depreende-se, portanto, que, além do incentivo, seja necessário desenvolver mecanismos no mercado que apoiem o tecido empresarial a colmatar a falta de conhecimento e a acelerar o processo de transição. Esta lacuna está claramente identificada no PRR, que dedica diversas componentes, tal como a 5, 16 ou a 20, à formação, e treino, de jovens e adultos no digital.

E qual o papel e o compromisso da Axians com a Transformação Digital do nosso país?
A Axians Portugal é o braço digital do grupo VINCI Energies Portugal. O grupo tem precisamente na sua génese a aceleração digital e energética, estando, por motivos óbvios, plenamente comprometidos com a necessidade transformacional dos nossos clientes.
Contudo, o momento e o contexto atual exigem medidas específicas:
• Em primeiro lugar, é necessário desenvolver planeamento sobre a dupla transição, alinhado com os objetivos estratégicos traçados pela organização;
• Depois, ter presente que esta dupla jornada está alicerçada na Inovação. Sem inovação as empresas não se tornam competitivas. É necessário continuar a desenvolver novas ideias, projetos, produtos, soluções, em ambientes de co-criação, fazendo pontes entre privados e públicos, entre empresas e instituições de I&D;
• De seguida, capacidade de execução, que quanto mais integrada com o planeamento, mais eficiente se torna;
• Finalmente, o conhecimento específico sobre os mecanismos de financiamento disponíveis, como recurso acelerador da dupla transição.
Como resultado, lançámos este mês uma iniciativa que procura responder a estas necessidades, o Twin Transition Lab4. Este projeto reúne, numa única abordagem, as competências de planeamento e engenharia já existentes no grupo, tanto na sua vertente digital como energética, bem como o nosso mais recente investimento na aquisição de know how sobre os sistemas de financiamento disponíveis para Portugal, como o PRR, o Portugal 2030 e mesmo o Horizonte Europa.
Nestes tempos em que, pelos piores motivos, o mundo e as empresas despertam para o tema da sustentabilidade – económica, social e ambiental – acreditamos que este pode ser um contributo importante para acelerar duas transições críticas, garantindo mais valor de longo prazo, no contexto de uma sociedade mais próspera e eficiente, mas acima de tudo mais humana.

1 https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/noticia?i=as-verbas-do-prr-ou-sao-utilizadas-pelas-empresas-ou-serao-perdidas

2 https://expresso.pt/fb-instant-articles/2021-03-01-73-dos-empresarios-portugueses-sem-estrategia-para-o-digital

3https://www.aeplink.pt/fotos/noticias/aep_link_diagnostico_as_necessidades_de_colaboracao_e_fornecimento_das_pme_202003030_v1.1_4823853245ed92eec61b52.pdf

4 https://www.axians.pt/twin-transition-lab/