Início Atualidade “Temos uma estratégia e uma aposta muito forte na Consolidação e na Profissionalização”

“Temos uma estratégia e uma aposta muito forte na Consolidação e na Profissionalização”

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“Temos uma estratégia e uma aposta muito forte na Consolidação e na Profissionalização”

 A APPII nasce em 1991 como a entidade nacional representante dos promotores e investidores imobiliários – tal como o próprio nome indica. Com um percurso de já 30 anos, este “tem sido um caminho crescente e de sucesso”, inicia o Presidente. Esta é hoje uma instituição responsável, que tem vindo a representar as entidades privadas no âmbito do investimento e da produção imobiliária perante as entidades públicas governativas. Hugo Santos Ferreira garante que “ao longo destes 30 anos conseguimos afirmar-nos como a voz do setor. Hoje somos a voz do setor imobiliário. E essa é uma voz que tem conseguido representar o setor imobiliário perante os decisores públicos”.
Este trabalho que tem vindo a ser feito ano após ano, confere hoje à APPII um posicionamento inegável, até porque segundo o interlocutor “temos uma estratégia e uma aposta muito forte na consolidação e na profissionalização, o que veio culminar esta afirmação”. Desde a sua génese que a associação procurou ser a principal porta de entrada dos investidores imobiliários estrangeiros em Portugal, “uma espécie de entidade privada que capta e recebe os investidores internacionais”, afirma. Certo é que são cada vez mais as pessoas que decidem adquirir um imóvel, uma vez que acreditam que vai valorizar e obterem uma grande margem de lucro desse investimento, por esse motivo é que nos dias de hoje os investimentos imobiliários correspondem a 15% do PIB de Portugal. “Os números recentes apontam para uma captação de investimento nacional e internacional na ordem dos 30 mil milhões de euros, não haverá muitos setores da economia que mesmo em pré-pandemia, consigam captar investimentos anuais com estes valores, principalmente em período de pandemia. Portanto, hoje em dia somos uma associação que representa, segundo o Banco de Portugal, um dos setores mais resilientes da nossa economia. Os profissionais do imobiliário deviam também ser reconhecidos como uns dos heróis da pandemia, porque não deixaram morrer a economia”, saliente Hugo Santos Ferreira.

Os maiores desafios
A qualidade de vida que Portugal oferece aliada a cidades cosmopolitas como Lisboa e Porto são fatores determinantes para o investimento imobiliário português, no entanto, muitos são ainda as lacunas que existem por colmatar e que consequentemente pautam a trajetória da APPII. Segundo o Presidente, “há uma luta que é recorrente, desde sempre, que é a melhoria de licenciamento urbanístico do nosso país. O nosso Sócio-Fundador costumava afirmar que a associação ao longo destes 30 anos, conseguiu atingir vários objetivos, mas houve um que nunca conseguiu, que é este que acabei de citar. Isto porque, o processo de licenciamento urbanístico é feito para não funcionar. Daí esta ser a nossa verdadeira luta, é uma tarefa árdua. Só uma grande reforma administrativa, com força e com vontade, é que poderia melhorar esta questão. O caos a que chegámos hoje é de tal forma caótico que mesmo pequenas medidas cirúrgicas não surtem efeito”. Na realidade, Portugal tem vindo a evoluir bastante nos últimos anos, e atualmente é um país moderno, no entanto, existe ainda este grande desafio, uma vez que os processos urbanísticos na capital do país estão a demorar cerca de seis anos. Tanto da parte da APPII, como da parte dos vereadores existe efetivamente uma vontade realista de melhorar estes procedimentos, “mas o problema é que apesar de existir esta vontade, as estruturas não têm a mesma vontade de melhorar. O que acaba por não dar resultado”, confessa o entrevistado.
Muito se tem falado acerca das alterações do Golden Visa no investimento imobiliário em Lisboa e no Porto, o que numa altura em que o país pretende recuperar-se da crise pandémica e económica, são medidas lesadoras para o setor imobiliário e para todas as áreas de atividade a ele associadas. Hugo Santos Ferreira, garante que esta é “mais uma machadada na competitividade do nosso país, enquanto país que investe. Estamos a falar de um setor muito importante para a economia. Desta forma Portugal perde em vários pontos: enquanto fator de atratividade ao investimento e enquanto destino de investimento internacional, principalmente numa fase como a que estamos a atravessar em que todos os países competem pelo mesmo capital”. A verdade é que obrigar os investidores internacionais a colocar o seu capital onde os mesmos não desejam – no interior, por exemplo – trará um resultado bastante negativo, o que possivelmente fará com que estes invistam noutros países.

O futuro do setor imobiliário em Portugal
Praticamente todos os setores de atividade foram impactados pela pandemia que ainda hoje atravessamos – o setor imobiliário não foi exceção. Esta área tem vindo a sofrer oscilações e o futuro é ainda incerto, mas na opinião do Presidente da APPII, “avizinha-se um futuro cada vez mais desafiante. Os próximos tempos irão exigir cada vez mais de nós. O setor imobiliário está cautelosamente otimista, até porque em 2021, em período pandémico, alcançámos valores equiparáveis aos de 2019. O setor imobiliário é resiliente, contra tudo e contra todos. E estou certo que o ano de 2022 será um ano positivo, mas desafiante”. A pergunta que se coloca é: o que irá tornar o futuro do setor imobiliário mais desafiante? Ora, como sabemos, pelas já faladas alterações ao Golden Visa, “mas também pela escassez de mão-de-obra, de produto e pelo aumento do custo dos materiais”, confidencia o interlocutor.
Para além disso, existe também o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que poderá prejudicar esta área e mudar o panorama em que se encontra. “Isto porque, até à data não houve investimento público, o que significa que toda a mão-de-obra instalada estava por nossa conta, vindo o PRR vamos começar a ter concorrência. Vamos ter que dividir a escassa mão-de-obra, dividir os materiais, e tudo isto vai escassear cada vez mais. Estou convencido que o PRR que deveria ser para recuperar e tornar o país resiliente, será precisamente o contrário”, garante. Apesar de todas estas lutas que tenta todos os dias travar, a APPII encontra-se já a manobrar no sentido de tornar menos impactante o futuro destas restrições. Segundo Hugo Santos Ferreira, “a APPII tem apresentado ao governo várias medidas de melhoria do programa Golden Visa, no sentido de o colocar ao dispor de todas as cidades do país. Temos alertado o governo para a dinamização do programa de SIGIS. É mais neste sentido que queremos atuar, no sentido de tornar o país altamente competitivo, no ponto de vista do investimento. Este é o nosso papel enquanto associação”.
Atendendo à crescente evolução que o setor imobiliário tem vindo a ter nos últimos anos, – um setor que se profissionalizou, globalizou, internacionalizou – Portugal é hoje um destino de primeira linha a nível internacional. “Estou convencido que o nosso país é neste momento um potencial destino de investimento internacional. A longo prazo, o desafio será consolidar o nosso país como isso mesmo. Estamos bem posicionamos para o conseguir”, finaliza o Presidente da APPII.