Início Atualidade “A abolição da censura foi um dos passos mais importantes para Portugal”

“A abolição da censura foi um dos passos mais importantes para Portugal”

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“A abolição da censura foi um dos passos mais importantes para Portugal”

No dia 12 de julho de 1821 foi promulgado um decreto em Portugal que, pela primeira vez, estabeleceu a abolição da censura prévia e a regulamentação do exercício da liberdade de imprensa. Neste sentido, ao longo dos anos, qual tem sido a importância desta prática e do seu papel na democracia?
Na minha opinião, a imprensa e os modelos pelos quais esta se rege, é a própria democracia em si. Não existe um estado democrático num país onde a imprensa não é algo livre de censura ou opressão, uma vez que é o canal de ligação entre a informação e as pessoas. A informação fornece os factos enquanto a liberdade fornece o “poder” de, a partir do acesso a todo o tipo de conhecimento, nos tornarmos melhores, mais confiantes e mais capazes.  A abolição da censura foi um dos passos mais importantes para Portugal e para os portugueses, porque abriu portas a todo um mundo de informação e de procura por saber. O saber, por sua vez, causa uma inquietação saudável por mais, mais saber e mais experiências. Tudo isto desenvolve a cultura e a intelectualidade, fortalece competências e abre espaço para a evolução comportamental e humana. Como pode existir um mundo melhor e mais empático sem a liberdade de sermos quem somos ou de conhecermos outras realidades (sem filtros)? Deste modo, a imprensa é o reflexo da própria sociedade. O que por vezes nos passa ao lado é a forma como a liberdade é “utilizada” em prol de intensões menos nobres. Se existe a liberdade de bem informar, também existe a liberdade de informar mal e de forma errada. Na realidade, esta última pode tirar credibilidade à muito boa informação que se pratica, mas como em tudo, existem os dois polos, no entanto, não podemos desvalorizar (nunca) a possibilidade que a liberdade nos dá de sermos melhores e de termos a verdadeira noção do mundo que nos rodeia. Essa oportunidade deve ser a base da liberdade, porque não existe verdade sem liberdade, da mesma forma que nunca pode existir liberdade sem verdade. A censura ou qualquer tipo de limitação imposta à informação, retira-lhe verdade, de uma forma subjetiva e, pior ainda, de forma manipuladora.

Na sua opinião, qual a melhor forma de combater a desinformação?
Todos os dias somos assoberbados por quantidades enormes de informação proveniente de vários canais (noticiosos ou não). Quem lê não tem o papel de investigar se realmente é verdade o que está a ler, esse é o papel do interlocutor. Deste modo, na minha opinião, devem existir meios de verificação da veracidade dos factos e todos os meios de informação deviam basear-se só e apenas na verdade dos mesmos, e da forma mais objetiva possível. Ainda que existam padrões de comunicação diferentes, o sensacionalismo e a informação imediata não confirmada, retiram a credibilidade que o jornalismo necessita para continuar como sendo uma forma de comunicação séria e honesta. Para além disso, a existência de fontes de informação imparciais e independentes é crucial no alcance da verdade e da seriedade do jornalismo. Ainda que nos dias de hoje a informação seja tão rápida e imediata, esta deve ser valorizada pela sua veracidade e não pela sua rapidez.