De bem com a vida, Ana Paula Carvalho é hoje uma profissional realizada, sendo uma pessoa que está disponível para novos desafios e que tem um gosto muito próprio de aprender, ajudar os outros e estar em constante evolução. Satisfeita com a sua carreira e percurso profissional, a nossa entrevistada está ainda mais feliz pela vertente familiar que tem sido um verdadeiro pilar, principalmente o seu marido, filhos, pais e irmão. “Acima de tudo sou mulher, mãe, filha e irmã e esta vertente mais próxima e mais familiar é fundamental para mim e complementa a minha perspetiva profissional”, diz, assegurando que ao longo da sua caminhada, “nunca tive um plano delineado. Nunca iniciei um determinado projeto a pensar que hoje quero ser isto e amanhã quero estar naquela função. Deixei que as coisas acontecessem naturalmente e no momento certo estava no local certo. Fui aproveitando as oportunidades da melhor forma que sabia e podia, nunca permiti que o desconhecido ou o medo em relação à mudança me paralisasse ou manietasse as minhas intenções”, afirma Ana Paula Carvalho.
Sempre com os olhos no presente e no futuro, interessa contudo perceber, principalmente no caso da entrevistada, um pouco do passado da mesma, isto para compreendermos como a sua carreira tem sido um avolumar de desafios interessantes e relevantes e como Ana Paula Carvalho tem sabido retirar mais valias dos mesmos, aprendendo e ensinando o que sabe, isto numa perspetiva de ajudar os outros e contribuir decisivamente para o projeto da Pfizer. Vamos por partes. A nossa entrevistada foi Diretora Geral da Pfizer Portugal durante cinco anos, desde 2008 a 2013, tendo sido a primeira personalidade em toda a Europa a assumir este cargo depois de uma mudança radical da Pfizer a nível mundial. Coadjuvado a isso, no último ano e meio, assumiu ainda a Vice-Presidência da APIFARMA. será relevante afirmar que a nossa interlocutora cumpriu estes dois desafios na perfeição e em 2013 surgiu um novo convite. Para onde? Para assumir a parte do negócio da Pfizer em Itália. “Fiquei honrada, claro, até porque este convite surgiu num momento em que colocaram à minha consideração a possibilidade de liderar a vertente do negócio, na altura denominada por Pfizer Essential Health, que era a maior unidade de negócio de todo continente europeu e quarta maior a nível mundial”, revela a nossa entrevistada, que esteve em terras italianas durante cinco anos. O que se seguiu? No final dessa meia década, a Ana Paula Carvalho foi oferecido o lugar de Central Europe Cluster Lead, que incluía todo o negócio retail, ou seja, a parte respiratória, cardiovascular, dor e inflamação, oftalmologia, doenças do homem e mulher, os medicamentos hospitalares e o portfolio de biosimilares, entre outros. Com mais uma experiência, em dezembro de 2018, assumiu o lugar de Europe Lead para a Unidade de Negócios Hospitalar com responsabilidades sobre mercados como França, Reino Unido, Espanha, todos os mercados nórdicos e da europa ocidental nos quais se inclui Portugal e integra a equipa de liderança mundial desta área de negócios da Pfizer. No início de 2020 assume a sua mais recente função como Vice-Presidente- Chief Commercial Officer da Pfizer para todos os mercados emergentes, ou seja, onde está incluída a China, toda a Ásia emergente, África e Médio Oriente e América Latina, num negócio que ronda os oito biliões de dólares. “Estou ainda em fase de transição e proximamente irei mudar-me para Nova Iorque para começar esta nova aventura!”.
Mas quais são as sensações de Ana Paula Carvalho para este novo desafio? “Extraordinário. Estou a adorar, embora tenham sido semanas caóticas, conheço muito bem a Europa e estive exposta ao Japão e aos Estados Unidos neste último ano, mas os mercados emergentes são um novo mundo para mim. Nos mercados emergentes temos um modelo mais tradicional e assim temos todos os portfolios da Pfizer”, salienta a nossa entrevistada, que com esta metodologia, “voltei a ter uma perspetiva totalmente holística em relação à própria Pfizer, onde voltei a trabalhar com áreas como a oncologia, as vacinas, as doenças raras, imunologia e inflamação, entre outros, e isso deixa-me naturalmente satisfeita”.
Interessa ainda perceber que esta mudança na vida profissional de Ana Paula Carvalho lhe vai permitir conhecer novas regiões. Isso, alinhado com o surto do coronavírus, aumenta o desafio da nossa entrevistada, até porque este vírus surgiu na China, um mercado extremamente importante para os desideratos da Pfizer. “Esse facto trouxe dificuldades, mas também está a ser interessante porque estou exposta a novos colegas, a novas culturas e a uma perspetiva muito forte em termos de inovação”, esclarece, tendo agora algo que não tinha no passado, ou seja, toda a área de Business Development e Commercial Development bem como a estratégia de marketing digital “que são uma das partes mais atrativas desta nova função”.
“As pessoas foram sempre a chave do sucesso”
Assumindo que é uma líder que delega, mas que está atenta, para Ana Paula Carvalho a sua liderança ao dia de hoje é um reflexo da sua experiência e do seu trajeto profissional, assegurando “que nunca foi sobre mim, mas sobre o todo, as minhas equipas, as minhas pessoas e se faço uma análise retrospetiva de tudo o que foi e é a minha carreira e se eu ao longo dos anos sempre tive sucesso, foi porque tive a clarividência de saber que podia ter as melhores táticas, estratégias, ferramentas e investimentos, mas que isso de pouco valia sem as pessoas. Elas foram o elemento chave e o segredo para o sucesso”, assume convicta a nossa entrevistada, lembrando que a humildade que sempre teve foi e é algo que não abdica. “Ninguém sabe tudo e sozinhos não vamos a lado algum. Assim, tive sempre a consciência e a humildade para, nas áreas que não tinha um vasto conhecimento, ir à procura de quem tinha essas competências e capacidades para me ajudar a concretizar um determinado objetivo, sem esquecer a importância da diversidade, porque o que dá origem à verdadeira inovação e aporta valor acrescentado é esta capacidade da diversidade que leva a pensar fora da caixa e suporta profundamente o pensamento disruptivo e olhar para as coisas de uma forma distinta”.
E são estes os principais pontos que Ana Paula Carvalho considera essenciais numa liderança positiva e salutar, isto sem esquecer que é uma mulher que nunca perdeu a vontade de sorrir e até de rir consigo própria, assegurando que tenta sempre levar alegria para o local de trabalho. “Adoro a perspetiva de podermos trabalhar com seriedade, competência e exigência sem deixarmos de ser seres humanos, de nos rirmos e trazermos boa disposição com quem trabalhamos e interagimos. Temos de perceber uma coisa, as equipas felizes estão mais disponíveis para dar tudo pelo projeto”, salienta a nossa interlocutora.
Women Inspiring Women
Igualdade do género e equilíbrio de oportunidades entre homens e mulheres são temas que têm estado na ordem do dia e que muitos têm falado. Mas será que a nossa entrevistada alguma vez se sentiu manietada ou impossibilitada de chegar a um determinado desafio ou desiderato? Negando qualquer tentativa de boicote na sua carreira pelo simples facto de ser do género feminino, Ana Paula Carvalho assume, contudo, que por vezes se sentiu altamente escrutinada, embora isso não a detivesse de chegar onde achava que podia chegar, dando dois exemplos concretos disso mesmo. “Na minha chegada à APIFARMA, onde adorei trabalhar, lembro-me perfeitamente de que nas primeiras reuniões me senti avaliada”, revela, assumindo também que essa imagem “pode ter sido a minha perceção e não a realidade, mas senti que tinha de me preparar muito bem porque era muito nova comparativamente à idade média dos meus parceiros e senti em alguns momentos que tinha de demonstrar que estava ali por valor e por direito próprio. Outro exemplo que tenho, foi quando cheguei a Itália, em 2013, onde o primeiro contacto com o board of directors não foi fácil. Era a primeira mulher com a responsabilidade de negócio, e isso na altura não era comum e vinha de fora, o que pode ter criado algum ceticismo”, advoga, assegurando, contudo, que na Pfizer “sempre senti muito apoio e nunca associei essa ajuda ao facto de ser mulher, mas como algo natural, que aconteceu comigo e com outras colegas, em termos de apoio na progressão na carreira e no desenvolvimento de competências”.
Exemplos? A Pfizer é uma marca diferente em tudo e até nestas questões da igualdade do género tem marcado a diferença e basta ver que há um ano a marca iniciou um projeto denominado por «Women Inspiring Women», em que foram selecionadas 12 mulheres a nível mundial, entre elas Ana Paula Carvalho, sendo que um dos pontos abordados foi perceber como é que no seio da Pfizer se poderia aumentar a representatividade de mulheres em posições de liderança a nível mundial. “Acreditamos piamente que o sucesso de uma mulher vai inspirar outras mulheres”.
“As mulheres estão mais assertivas e menos receosas”
Se Ana Paula Carvalho é hoje uma mulher realizada e feliz, muito se deve também ao apoio familiar que tem tido, principalmente por parte do seu companheiro e dos seus filhos. “Se estou onde estou e consegui o que consegui, acima de tudo, devo também ao meu parceiro e marido”, revela, dando a conhecer um facto no mínimo curioso. “Sempre que me ofereceram uma nova posição/desafio a minha reação inicial era recusar. Depois falava com o meu marido que me ajudava a refletir, reconsiderar e então avançava. O meu sucesso é o sucesso dele e vice-versa. Se eu não contasse com o apoio da família mais próxima não teria conseguido chegar até aqui.”
Assegurando que hoje as mulheres estão mais assertivas e menos receosas de liderar e aceitar desafios, sendo ela exemplo disso. Para Ana Paula Carvalho é importante que as mulheres continuem nesta senda e que “sejam gentis com elas próprias. Esta mensagem é essencial. Não devemos ter pudor por sermos bem-sucedidas ou por tentarmos ser. Não nos podemos reduzir ao julgamento dos outros. Há que ter confiança no futuro e em nós próprias”, revela, quase em jeito de mensagem pelo Dia Internacional da Mulher que se comemorou no passado dia 8 de março.
“Sou uma Mulher feliz e realizada”
E se entrevistarmos a nossa interlocutora no final de 2020? O que espera ela dizer-nos? “Sucesso no final do ano é poder dizer que continuo a ser uma pessoa feliz, com saúde e que a minha carreira e profissão continuam a impactar positivamente os outros, a valorizar-me profissionalmente e a ter uma performance de acordo com as expetativas da Pfizer. Sucesso no final do ano será olhar para trás e dizer que esta mudança para Nova Iorque valeu a pena. Poder dizer que contribuí para o propósito da Pfizer que é entregar “inovações, medicamentos e ou vacinas que mudam a vida dos doentes, que no fundo são os mais importantes”. Eu estarei a fazer o que mais gosto e sempre com um sorriso no rosto, porque sou uma Mulher feliz e realizada”, conclui a Ana Paula Carvalho, Chief Commercial Officer (CCO) da Pfizer.