De acordo com o comunicado, “a Medicago, empresa biofarmacêutica com sede no Quebec, anunciou que produziu com sucesso uma Partícula Semelhante ao Vírus (em inglês Virus-Like Particle – VLP) do coronavírus, apenas 20 dias após a obtenção do gene SARS-CoV-2 (vírus que causa a doença COVID-19). A produção da VLP é o primeiro passo no desenvolvimento de uma vacina para o COVID-19, que agora passará por testes pré-clínicos de segurança e eficácia. Uma vez concluídos, a Medicago espera discutir os seus resultados com as respetivas agências de saúde e iniciar os testes da vacina em humanos no verão de 2020.”
A Medicago, empresa participada pela Philip Morris International, faz parte do novo caminho traçado pela empresa de tabacos, assente em grandes investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
A Philip Morris International (PMI), de que a portuguesa Tabaqueira é subsidiária, adquiriu em 2013 uma participação na Medicago e atualmente detém cerca de 30% da empresa. A maioria das restantes ações pertencem à Mitsubishi Tanade Pharma.
A participação da PMI na Medicago faz parte dos esforços da empresa para explorar outras áreas de negócio, que tenham por base a ciência, a tecnologia e a inovação: competências-chave para a PMI, que anunciou a sua decisão de substituir cigarros por alternativas livres de fumo o mais rapidamente possível. Estas competências, capacitação e parcerias de negócio, construídas na última década, permitem à empresa explorar novas oportunidades, enquanto transforma o seu negócio em áreas distantes dos cigarros.
Trabalho inovador da Medicago na área das vacinas não é novo
O primeiro produto da Medicago, uma vacina contra a gripe sazonal [Partícula Semelhante a Vírus Quadrivalente Recombinante (QVLP)], está atualmente em avaliação pela ‘Health Canada’. Vacinas contra a gripe pandémica, rotavírus e norovírus estão também atualmente a ser testadas em ensaios pré-clínicos e clínicos de Fase II. A Medicago também está a desenvolver anticorpos contra o hMPV, RSV e opioides.
Investigação tem por base a planta do tabaco
A Medicago não usa ovos como base para a investigação de vacinas – como a maioria -, mas plantas, como a do tabaco.
“A produção tradicional de vacinas requer, geralmente, ovos. Os fabricantes de vacinas injetam o vírus nos ovos, onde o mesmo se propaga. Mas usar ovos é caro, leva muito tempo, está longe de ser perfeito e eventuais mutações podem produzir vacinas que não correspondem ao vírus que se pretende combater”, afirma Bruce Clark.
A investigação da Medicago não funciona com um vírus vivo. Em vez disso, utiliza plantas, uma abordagem relativamente nova que teve muitos avanços na última década. A sequência genética é inserida na agrobactéria, uma bactéria do solo, absorvida pelas plantas – neste caso, uma planta próxima do tabaco. A planta começa a produzir a proteína que pode ser usada como vacina. Se o vírus começar a sofrer mutações, como é esperado para o COVID-19, a produção poderá ser atualizada usando novas plantas.
“Essa é a diferença entre nós e os métodos baseados em ovos, vamos diretamente à produção da vacina ou do anticorpo sem ter de propagar o vírus”, diz o CEO da Medicago.