No sentido de contextualizar um pouco o nosso leitor, o que representa a ABF – Angola Business Fórum e como é que a mesma tem vindo a promover uma dinâmica de cooperação e crescimento do país?
Este fórum foi criado com o intuito de dinamizar as pequenas e médias empresas. Ao longo de dois dias criamos uma agenda de trabalho informativo e formativo, com negócios criados em pleno tempo de crise, mas que são um sucesso. Estes casos foram contados na primeira pessoa pelos próprios empresários e foram exploradas as ferramentas usadas, os métodos de gestão e financiamento para que estas empresas criam-se e desenvolvessem estas actividades.
Criamos um ambiente de partilha, interação entre empresários, fomentamos o networking, ferramenta mundialmente mais poderosa para a concretização de negócios. E mais uma vez utilizada com resultados fantásticos neste fórum.
Para além de união de sinergias que proporcionam um desenvolvimento e crescimento, várias juntas criaram condições de internacionalização.
Que análise perpetua do potencial do tecido empresarial em Angola e de que forma é necessário continuar a potenciar novas perspetivas e oportunidades para o mesmo?
Na minha análise fazia sentido criar empresas próprias, tanto que, em 2013 saí da situação colaboradora, para abraçar projecto pessoal e abri a Africonta.
A partir desse momento e tendo em conta os pedidos que iam continuamente surgindo por parte dos meus clientes, fui criando novas empresas em áreas de know-how especificas. E aí surge a Afriacademy para colmatar a necessidade que havia no mercado formação à medida nas áreas de gestão, e por último a Finance Skills que foi ao encontro das oportunidades dadas pelos nossos clientes na área da criação e modelagem de modelos de gestão, reengenharia de processos, gestão de risco e compliance.
As oportunidades surgem com a presença no mercado e relação de confiança, baseada em muito know-how especializado.
É preciso adaptar os comportamentos, produtos e serviços a realidade das necessidades do mercado.
É legítimo afirmar que o grande desiderato da ABF passa pela promoção do universo empresarial angolano? Isso também pressupõe a criação de parcerias e redes com entidades e empresas de outros países?
Não só é legítimo, como o fez com sucesso. O ABF foi criado para colmatar um espaço e fazer com que as pequenas e médias empresas tivessem voz activa na criação de parceria e sinergias que lhes permitisse valorizar os seus produtos e serviços ao nível nacional e internacional.
O que aconteceu com algumas dessas empresas veio provar que há espaço nos mercados internacionais para acolher e absorver os produtos de Angola e de Angola absorver produtos e matérias primas de qualidade de outros mercados inclusive do mercado africano.
Um dos exemplos, e não querendo desvalorizar os outros, a Bricomel já exporta frutos desidratados para outros países africanos e asiáticos.
Na sua opinião, quão importantes são os chamados fóruns empresariais para que esses desideratos e ligações sejam realizadas com sucesso?
Fóruns deste gênero numa economia ainda a “gatinhar” onde se está a criar a estrutura economia a nível público e privada vêm permitir a partilha de know how, experiências, criação de parcerias para os vários agentes económicos necessária a dinamização das cadeias de valor sectoriais. Classifico de extrema importância, daí ser organizadora de um e apoiar outros.
Quais são as grandes preocupações do empresário angolano atualmente? Sente que atual conjuntura “obriga” o mesmo a promover uma nova forma de estar perante o mercado? De que forma é que essa mudança é essencial? Sente recetividade por parte dos mesmos para essa mudança de paradigma?
Angola está a mudar em todos os aspectos!
Está a desenvolver políticas de incentivo ao investimento nacional e estrangeiro, o que me parece essencial para garantir a segurança de quem promove esses investimentos.
Atravessamos um momento de maior justiça e cooperação na área fiscal e por fim um esforço contínuo de estabilização das políticas económicas.
Essencial mudar-se para fazer mais e melhor, o empresariado tem acolhido com desafio estás mudanças, até porque o empresário tem mudança no seu ADN devido à conjuntura do país.
A reforçar temos o regresso de várias centenas de jovens formados nas melhores escolas do mundo, com outra visão e com objetivo de fazer crescer de forma sustentável o seu país.
Quão importante é Portugal e os restantes países da CPLP para que Angola e o seu meio empresarial evolua e seja cada vez mais forte e sustentado?
Respondendo directamente… não só Portugal, mas todos os membros da CPLP são importantes.
O grupo tem vindo a se aproximar para criar sinergias cada vez mais fortes e aumentar o volume de negócios entre si de forma sustentada.
É importante referir ainda que o BDA, criou uma linha de crédito para estes países desenvolverem o sector primário e secundário. Tendo em conta que muitos destes países apresentam o mesmo conjunto de desafios.
O que podemos continuar a esperar de futuro da ABF – Angola Business Fórum?
Continuidade. Estamos a preparar novas plataformas que vão permitir mais proximidade, mais partilha e consolidação de parcerias, para poder fomentar mais e melhores negócios.
Que mensagem lhe aprazaria deixar a todos os empresários angolanos?
Que sobreviver a momentos de mudança, em especial em momentos de crise, obriga nos a ter mais organização, uma visão clara do que nós queremos e uma estratégia definida para atingir os objectivos.
O mercado evolui bastante nos últimos dez anos, com consumidores mais exigentes, já não basta políticas de diferenciação por preço, mas sim qualidade e inovação.
As oportunidades em Angola continuam a existir e ultrapassado o clico económico de recessão, são os empresários que moldam o futuro de Angola.