Desde 1980 que a TPF Consultores garante e se compromete a prestar um serviço de qualidade aos seus clientes, com o fornecimento totalmente integrado de serviços de Engenharia e Arquitetura. Até ao momento, de que forma a marca tem vindo a inovar esta sua atuação?
Desde a sua génese que a TPF Consultores tem uma forte ligação à academia e que participa em congressos e grupos de trabalho técnicos, compreendendo que um olhar atento sobre a evolução do mercado é fundamental para se manter relevante ao longo dos anos. Foi assim que em 2012 identificou que a forma como prestava os seus serviços iria mudar ao identificar o BIM (Building Information Modelling) como o futuro do setor AECO (Architecture, Engineering, Construction and Operation). Começou nesse ano a definir a estratégia de incorporação dessa metodologia na empresa, tendo começado a prestação de serviços BIM em 2015. Em 2017 criou o Núcleo de Inovação, com um conjunto de pessoas dedicadas a tempo inteiro à implementação do BIM, que em 2020 se transformou num Departamento de Suporte a todas as áreas da empresa, designado Centro de Inovação e Tecnologias de Informação e Comunicação (CITIC). O CITIC, para além das questões relacionadas com o BIM, como seja formação, acompanhamento de propostas, coordenação BIM, manutenção e atualização de bibliotecas BIM e desenvolvimento de ferramentas de apoio, acompanha ainda questões relacionadas com impressão 3D, realidade virtual, drones, câmaras 360º, inteligência artificial e a transformação digital da empresa.
Que vantagens representa o BIM no setor onde a marca atua?
O setor AECO tem uma produtividade muito baixa e que se afasta cada vez mais da média dos restantes setores, consequência de problemas sérios, sistémicos e muito comuns, onde se inclui má organização, comunicação inadequada e mal-entendidos contratuais aliados a uma resistência à adoção de novas tecnologias. O BIM, sendo uma metodologia de partilha de informação e de comunicação entre todos os intervenientes e durante todas as fases do ciclo de vida de uma construção que se apoia num modelo de informação digital, parece ser a resposta óbvia para este setor fragilizado. O trabalho colaborativo proporcionado pelo BIM reduz o risco de perda de informação, contradição ou má interpretação, promovendo a reutilização e partilha da informação. Contudo, o trabalho colaborativo requer processo padronizados. Esses processos devem, por isso, adotar os conceitos e princípios da série ISO 19650, que define como deve ser gerida essa informação. A correta utilização desta metodologia permite uma melhor coordenação e produção mais rápida da informação de projeto, para além de uma redução no tempo de entrega do ativo, com menos desperdício na obra e com custos de manutenção e operação mais baixos.
Recentemente foi publicada a Portaria 255/2023, fazendo com que o BIM comece, paulatinamente, a estar presente no quadro legislativo português. Na sua perspetiva, de que forma é que este novo cenário vem, pela primeira vez, dar um importante suporte ao CCP – Código dos Contratos Públicos para a promoção da contratação pública em BIM?
O suporte é muito claro. A Portaria n.º 255/2023, que “aprova o conteúdo obrigatório do projeto de execução, bem como os procedimentos e normas a adotar na elaboração e faseamento de projetos de obras públicas”, reconhece a importância do BIM a nível internacional, justificando dessa forma o “recurso à metodologia BIM na elaboração dos projetos de obras públicas”. A definição de telas finais passa a incluir modelos de informação e passa a estar prevista a contratação de um plano de execução BIM (BIM execution plan – BEP). Este foi um passo muito importante na história do BIM em Portugal, ainda que fique a sensação de que a Portaria podia ter ido mais longe. Passa a haver um enquadramento legal para contratar em BIM, mas não há nenhuma obrigatoriedade. Sinto ainda que, mesmo sem tornar obrigatório o BIM na contratação pública, a Portaria podia ter introduzido duas questões fundamentais na contratação em BIM: os requisitos de troca de informação (Exchange information requirements – EIR), a que o BEP deve responder de acordo com a série ISO 19650, e o openBIM, BIM baseado em padrões abertos e neutros, desenvolvidos pela buildingSMART. O foco da buildingSMART é padronizar processos, fluxos de trabalho e procedimentos para o openBIM. Importa salientar que desde o ano passado que existe o capítulo português e que a TPF Consultores é um dos associados fundadores.
Considera que esta mudança que impõe uma abordagem sistémica, sustentada pelo Estado e a obrigatoriedade do BIM era fundamental e necessária? Em que medida é que a mesma aporta vantagens para o setor da construção e para o próprio Estado?
Infelizmente não considero que a Portaria seja por si só o reflexo de uma abordagem sistémica. Ao deixar a contratação em BIM ao critério das entidades contratantes, o Estado não define o ritmo da transição para o BIM, correndo o risco de desperdiçar as vantagens que a metodologia aporta, não tendo, assim, um papel ativo na regeneração do setor AECO. Quero acreditar, contudo, que estando o Estado consciente do trabalho que tem vindo a ser feito noutros países na definição do “faseamento para a obrigatoriedade da adoção dos modelos BIM”, ao reconhecer isso mesmo na Portaria, e da aceleração do nível de maturidade BIM que a imposição desse faseamento introduziu nos mercados desses países, também em Portugal estão a estudar esse cenário. Em Espanha, por exemplo, definiram cinco níveis BIM de exigência crescente de gestão de informação, estando previsto que os níveis mais baixos passem a ser obrigatórios já no próximo ano e que os níveis mais avançados se tornem obrigatórios a partir de 2030.
Observando a atividade da TPF Consultores no mercado e o seu setor no geral, que impacto terá esta Portaria 255/2023?
Atualmente existe algum desequilíbrio entre a quantidade de serviços BIM prestados pela TPF Consultores a clientes privados face aos clientes públicos. São ainda poucos os clientes públicos que contratam em BIM, contudo, acreditamos que com esta Portaria vamos começar a receber cada vez mais pedidos no que diz respeito aos clientes públicos, o que nos coloca numa posição muito confortável, não só porque vamos poder prestar serviços com mais qualidade, mas também por causa da experiência que já temos a trabalhar em BIM.
A transformação digital está a revolucionar a indústria da construção. É da opinião que a está a tornar mais eficiente, colaborativa, sustentável e inovadora? Neste sentido, como perspetiva o futuro do setor a longo prazo?
Sem dúvida, a transformação digital é o meu quotidiano e se o faço de forma apaixonada é porque acredito que transporta todas essas qualidades. Não deixa de ser um enorme desafio. Apesar das óbvias vantagens, a alteração de processos é sempre dolorosa. Apesar de estar assente em tecnologia, a verdadeira transformação é ao nível das pessoas. Para que a transformação digital tenha sucesso é necessário começar por compreender quais são as dores dos processos tradicionais, não só para as poder apaziguar, mas também para utilizar essas dores para convencer as pessoas a mudar. É muito difícil prever quanto tempo vamos demorar a ter um setor moderno, eficiente e produtivo, mas tenho a certeza de que a TPF Consultores será um player decisivo nesse processo.
Por fim, face às mudanças constantes do mundo e dos seus mercados, de que forma a TPF Consultores irá continuar a destacar-se como uma empresa de qualidade a nível nacional e internacional?
A TPF Consultores irá continuar a acompanhar o mercado nacional e internacional, sobretudo ao nível das tendências de inovação, participando em comissões técnicas, grupos de trabalho, associações e congressos, divulgando o estado da inovação internamente e incorporando esse conhecimento nos nossos processos, para continuar a garantir a qualidade e a excelência que nos caracterizam.