A Moneris é o maior grupo nacional de contabilidade e apoio à gestão, com cerca de 20 escritórios, em todo o país, e mais de 300 consultores. Como tem vindo a marca a perpetuar um caminho de partilha, criação de valor, exigência e integridade até ao momento?
Rui Pedro Almeida (RPA) Estes são os nossos valores fundamentais e, sem dúvida, que procuramos, a todo o momento, exceder a expetativa dos nossos clientes, criando valor para toda a economia nacional. Este desígnio é por nós assumido com um elevado padrão de exigência e de integridade, que nos distingue na forma como nos relacionamos com o mercado. A partilha é outro dos nossos valores fundamentais, criando oportunidades internas que promovem a mobilidade geográfica, a evolução técnica e profissional dos nossos recursos. Esta partilha estende-se aos nossos clientes e às geografias que servimos, levando até aos diferentes territórios as melhores práticas contabilísticas, de relato financeiro e promovendo a melhoria dos processos de gestão e de apoio à decisão.
Os vossos 15 anos de atividade resultaram numa Moneris cuja abordagem é focada no cliente e com uma oferta no mercado integrada de serviços e soluções que permitem às organizações um apoio de 360 graus na área da gestão. Qual considera que é o papel da empresa na melhoria dos processos de tomada de decisão – decisão essa crucial para o sucesso dos clientes?
RPA Temos como abordagem não apenas o acompanhamento de processos de conformidade contabilística, fiscal e laboral, mas também, e sobretudo, apoiar os processos de decisão dos nossos clientes. O relato financeiro deve ser um instrumento fundamental na análise económica e financeira dos negócios e empresas, sendo este uma finalidade fundamental dos processos contabilísticos. Adicionalmente, apoiamos os nossos clientes em áreas tão diversas como a gestão de processos regulatórios e de compliance, processos de investimento ou de financiamento ou em processos de fusões e aquisições, entre muitos outros. O nosso objetivo é o de sermos consultores das empresas, apoiando-as em todas as suas atividades, conduzindo à sustentabilidade e crescimento dos projetos empresariais.
Além disso, a Moneris organiza diversas iniciativas que procuram descodificar a complexidade dos temas do mundo empresarial. Quão importantes têm demonstrado ser ações como estas no mercado?
RPA Estamos empenhados em contribuir para a melhoria das competências de gestão e para o aumento da literacia financeira. Neste sentido, temos trabalhado com associações empresariais, com câmaras do comércio, com o IAPMEI, e com bancos e sociedades de advogados, para levar até às empresas uma maior proficiência e eficiência nas estratégias de gestão, maximizando a competitividade empresarial. Os nossos relatórios e estudos setoriais, em áreas tão distintas como a Agricultura, o setor da Educação ou o Turismo tornaram-se uma referência para os agentes económicos. Estas são iniciativas que desejamos continuar a promover, através dos nossos centros de competência ou centros de conhecimento, e que têm envolvido os agentes públicos e privados. O nosso objetivo é de contribuirmos de forma distintiva para uma maior produtividade e competitividade da nossa economia global.
A preocupação mundial em torno do meio ambiente caminha para um consenso na adesão de um novo estilo de desenvolvimento que deve combinar eficiência económica, justiça social e prudência ecológica. Na sua perspetiva, qual é o papel da Contabilidade no caminho para o desenvolvimento sustentável?
RPA A consciência coletiva relativamente aos temas de ESG (Environmental, Social e Governance) é, cada vez mais, uma prioridade na agenda corporativa, desempenhando um papel de crescente relevância nos relatórios financeiros. Novos regulamentos sobre relatórios e divulgações, relacionados com ESG, estão a ser discutidos por todos os reguladores. Cada vez mais, os financeiros podem e devem desempenhar um papel vital quando se trata de ESG, pois as funções financeiras passam a ter de relatar não apenas indicadores financeiros, mas também informação não financeira.
É expectável que, a curto prazo, o acesso a financiamento, a capacidade de promover investimento e as obrigações de compliance com temas não financeiros venha a condicionar a capacidade das empresas se manterem sustentáveis e de se desenvolverem.
Assim, entre muitas outras áreas, o conhecimento por parte da função financeira e da contabilidade dos temas de ESG, assim como o desenvolvimento e melhoria contínua de processos sistemáticos de recolha, rastreamento, e relato de indicadores, estarão no centro da atividade de compliance das empresas.
Nestes tempos de mudança, a tecnologia aplicada à Contabilidade veio abrir caminho a um novo mundo, com claras vantagens para todos. Observando o estado atual do setor e os benefícios que a inovação tem evidenciado, acredita que a tecnologia terá uma função fundamental no futuro das empresas de Contabilidade? De que forma?
Nuno Martins Cavaco (NMC) A tecnologia é, sem dúvida, um fator determinante de competitividade das empresas, independentemente da sua dimensão ou setor, sendo uma constatação que se aplica, inevitavelmente, também às empresas de contabilidade. A sofisticação dos clientes, a acelerada inovação tecnológica, as crescentes exigências regulatórias, a incerteza e volatilidade dos mercados, são exemplos dos desafios do contexto atual que implicam processos e relacionamentos mais ágeis, céleres, fiáveis e confiáveis, capazes de gerar mais eficiência e rigor. A transformação digital das organizações é já uma inevitabilidade, e a consciência digital uma realidade que foi acelerada pela pandemia. As empresas assumiam a adoção de práticas digitais como condição futura e não como necessidade imediata. Contudo, a Covid 19, veio mostrar o contrário e a imersão no digital foi transversal e uma exigência que permitiu desmistificar conceitos e demonstrar os seus benefícios. As empresas de contabilidade não fogem a esta realidade e foram também elas expostas a estas circunstâncias, pelo que acredito que a tecnologia tem já hoje uma função fundamental no setor e, com toda a certeza, continuará a ter no futuro.
Não obstante as iniciativas já empreendidas, é pertinente ter noção que a jornada digital é uma caminhada e que também acarreta riscos. A adoção de práticas digitais pode aumentar a exposição ao cibercrime e induz à necessidade de evitar investimentos descontextualizados de uma visão integrada de transformação digital das empresas. Dado a panóplia de soluções disponíveis, importa priorizar e saber quais as que geram mais valor e melhor se adequam ao negócio em concreto. A automação de processos, por via de soluções de RPA (Robotic Process Automation), são uma forma de aumentar a eficiência operacional, eliminando redundâncias e tarefas rotineiras. A digitalização de documentos, tais como faturas físicas, e a sua posterior tramitação digital com data capture dos seus metadados (via inteligência artificial e machine learning) e respetiva integração da informação nos ERP de contabilidade, é outro exemplo da mais-valia da aplicação da tecnologia ao contexto específico do setor, permitindo eliminar o papel, reduzir o erro humano, o retrabalho e tempos de ciclo, libertando o contabilista para trabalhos de maior valor acrescentado para o cliente.
A ciência dos dados e data analytics são outro exemplo de tecnologias ao dispor que, pela obtenção de informação estruturada, fidedigna e em tempo útil, com funcionalidades que possibilitam a realização de simulações e antevisão de impactos, geram melhor reporting e aumentam a qualidade das decisões. Também as plataformas digitais colaborativas são ilustrativas dos benefícios da tecnologia. Quer as plataformas internas, apoiando os novos modelos de teletrabalho, quer as de relacionamento/ interface com clientes, suportando funcionalidades de CRM (Customer Relationship Management) e de Service Desk que permitem uma gestão mais integrada e eficiente do cliente e de seus pedidos e solicitações, assim como uma melhoria do cumprimento dos níveis de serviço acordados. Por último destacaria a cibersegurança, que por razões óbvias não pode deixar de ser uma prioridade. Importa referir que a Moneris tem vindo a investir cada vez mais nestas tecnologias em prol da melhoria da qualidade do serviço que prestamos e do aumento da nossa produtividade e da dos nossos clientes.
Sabemos que o conhecimento técnico dos profissionais da Contabilidade é um fator decisivo para a qualidade do compliance. Mas, considera que será a inovação também um motor na prestação de serviços de compliance contabilístico e fiscal? Quais os motivos?
NMC Sem dúvida. A globalização dos mercados e a massificação do digital acarretam novas realidades comerciais e transacionais, desde novos modelos de pagamentos, novos formatos de trading, criptomoedas, entre outros, e, consequentemente, novos e desconhecidos riscos que têm impacto em toda a fileira do setor financeiro. Como resposta a estes desafios e no sentido de mitigar impactos negativos resultantes destas circunstâncias, a regulamentação internacional será cada vez mais complexa e exigente. Questões relacionadas com KYC (Know Your Customer), branqueamento de capitais (AML – Anti Money Laundering), financiamento do terrorismo e fraude fiscal, que são já hoje uma preocupação, serão cada vez mais alvo de atenção redobrada. É aqui que a inovação tecnológica, mais do que pode, deve ser um contributo ao compliance, permitindo robustecer a prestação de serviços nesta área tão crítica. A integração/ interação com plataformas inteligentes internacionais de compliance, plataformas de autenticação e sistemas de validação de autenticidade de identidade e de documentos, sistemas inteligentes de rastreamento de capitais e de transferências financeiras, integração entre sistemas e bases de dados, blockchain, tecnologias de certificação digital, entre outras, são soluções que irão inevitavelmente assumir um papel cada vez mais preponderante.
A tecnologia e a sustentabilidade são, de facto, dois temas que têm vindo a marcar o mundo e os setores de atividade. Em que medida acredita que a tecnologia poderá apoiar no cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável das empresas de Contabilidade?
NMC A designada twin transition (transição verde e digital) é um movimento em marcha que retrata bem a forma como a tecnologia e a sustentabilidade andam de mãos dadas. A sustentabilidade, nas suas dimensões económica, social e ambiental é uma responsabilidade de todos, governos, empresas e sociedade em geral. Esta consciência está presente, mas nem sempre se manifesta na prática, pelo menos na veemência e velocidade necessárias. A inovação tecnológica deve assentar no propósito de contribuir para a sustentabilidade, permitindo eficiência, redução do desperdício, medição da pegada de carbono, melhoria da gestão dos consumos de energia e água, promovendo a economia circular, a ética e a equidade, bem como disponibilizando soluções para o combate à pobreza, de apoio à saúde e de acesso à educação e justiça. A amplitude dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) é vasta e abrange as preocupações mencionadas, sendo da competência de cada entidade assumir as suas prioridades, bem como definir a forma, direta ou indireta, como deseja/pode/deve endereçar cada ODS, tendo em conta a natureza do seu negócio. Sendo prestadores de serviços profissionais com conhecimento profundo do negócio dos seus clientes e detentores de relacionamentos próximos e de confiança, as empresas de contabilidade têm uma responsabilidade acrescida, não só de dar um exemplo positivo de compromisso com os ODS, mas também de apoiar os seus clientes na identificação e aconselhamento de como também eles podem contribuir e incorporar valor. Recorrer à tecnologia para recolher, tratar e monitorizar informação, melhorando o rigor, auditabilidade e transparência do reporte a entidades oficiais e instituições financeiras, para evidenciar compromisso e alcance de objetivos, metas e desígnios, comprovar conformidade com diretivas, regulamentos e obrigações, bem como para aceder a fundos/ financiamentos cada vez mais indexados aos indicadores e rankings ESG, é outra forma de usufruir das capacidades que as soluções digitais colocam ao nosso dispor.
Face a todos os desafios e oportunidades que emergem no mercado, é estratégia da Moneris conhecer bem os seus clientes, para que possam responder ativamente às suas necessidades. Num mundo em constante mudança e evolução, de que forma o Grupo tem acompanhado as tendências do setor e sido, também ele, inovador e arrojado?
NMC Estamos cientes das mudanças e evolução do setor e das suas implicações no negócio, bem como conscientes do papel que a tecnologia pode e deve assumir como instrumento alavancador. Desde a desmaterialização dos processos à faturação eletrónica, muito já se evoluiu e a visão do futuro é de um contexto cada vez mais digital. A Moneris tem vindo a investir continuamente em tecnologia, nomeadamente na automação dos processos, na integração de sistema e em cibersegurança. Assumimos a tecnologia como fator estrutural para responder ativamente às necessidades dos nossos clientes, bem como para aumentar a sua e a nossa eficiência interna, mas também como desafio para se posicionar continuamente como player de vanguarda e pioneiro na adoção de soluções disruptivas no setor.
O compromisso da Moneris para com o digital e inovação é também evidenciado pela recente criação da Moneris Innovation Lab (MIL) que reflete bem o interesse e relevância que o Grupo Moneris atribui aos desafios tecnológicos e digitais que o setor enfrenta. Esta área de negócio surge com a missão de introduzir inovação tecnológica nas várias atividades e serviços da Moneris, com o propósito de aumentar a produtividade e competitividade do ecossistema Moneris (incluindo clientes e parceiros), bem como apoiar os nossos clientes na sua jornada de transformação digital, por via da sua oferta de soluções tecnológicas e pela prestação de serviços de consultoria tecnológica, que abrange diagnóstico e planeamento estratégico de sistemas de informação, roadmaps de transformação digital, conceção/ desenvolvimento de soluções informáticas, integração e implementação de sistemas e de dados, automação de processos, gestão de projetos e desenvolvimento de competências digitais, bem como apoio à captura de incentivos, adoção de soluções indústria 4.0 e iniciativas de estímulo à inovação de produtos, processos e de novos modelos de negócio.
Para além da criação da MIL, a aposta na GoFact, startup do ecossistema das Fintech, comprova que a inovação e o empreendedorismo estão no ADN da Moneris. Esta empresa do grupo, foi destacada no Portugal Fintech Report 2022 pelas suas soluções de integração e automação de sistemas de suporte à gestão com funções bancárias e financeiras, afigurando-se como uma das startups mais entusiasmantes e promissoras nas dimensões de pagamentos e transferências de dinheiro, entre as fintech portuguesas.
A Moneris tem, atualmente, a responsabilidade de ser uma empresa de Contabilidade e Consultoria de grande qualidade e dimensão. De forma a continuar a «honrar» a história que se tem vindo a traçar, que planos estão previstos para o futuro a curto e médio prazo?
RPA O futuro da Moneris continuará assente na diversificação da sua proposição de valor, na excelência das suas pessoas, e na inovação ao nível dos processos.
Os nossos serviços e soluções são integrados, assentes em equipas multidisciplinares, com competências distintivas que acrescentam valor e diferentes dimensões de conhecimento, de acordo com as necessidades dos nossos clientes. Somos altamente motivados pela inovação e pela tecnologia, por isso perseguimos uma abordagem cada vez mais tecnológica e digital em todos os nossos serviços e soluções. Nos próximos anos, continuaremos a investir na valorização das nossas pessoas, promovendo o desenvolvimento das suas competências nos mais diversos planos – comportamental, cognitivo e técnico.
Queremos continuar a ser reconhecidos por parte dos profissionais, do mercado, dos nossos clientes e dos principais stakeholders, como a empresa líder na qualidade dos serviços prestados na área da contabilidade e do apoio a gestão. A melhoria contínua do nível de serviços prestados aos nossos clientes é, para nós, um desígnio, a que nos propomos diariamente.